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Aspen 2019: Obesidade Sarcopênica

O assunto obesidade continuou sendo bastante abordado no Congresso da ASPEN, principalmente dentro do contexto de que a baixa massa muscular pode ser mascarada pelo excesso de gordura corporal.

A avaliação da composição corporal pode indicar, entre outros resultados, a infiltração de gordura no músculo, situação conhecida como mioesteatose, e a baixa massa muscular, a qual associada a perda de força muscular é caracterizada como sarcopenia, e que, associada a diminuição da função física, indica a gravidade desta condição. Ambas são situações que aumentam a toxicidade do tratamento oncológico; aumentam as complicações pós cirúrgicas e aumentam a mortalidade destes pacientes.

Em um trabalho apresentado pela Lisa Martin, realizado em parceria com Vickie Baracos, 1204 pacientes com sobrepeso ou obesos foram analisados, e os resultados encontrados foram alta prevalência de sarcopenia e mioesteatose independente do escore da Avaliação Subjetiva Global produzida pelo paciente na versão reduzida (do inglês, Patient Generated-Subjective Global Assessment Short Form – PG-SGA SF). A pontuação da ASG-PPP de 0-1 mostrou 37% dos pacientes sarcopênicos; 44% com miosteatose, na pontuação de 2-3, 37% de sarcopênicos e com mioesteatose, pontuação de 4-8, 41%, e pontuação ≥9, 50%.  Tanto a sarcopenia como a miosteatose revelaram um aumento significativo no risco da mortalidade dentro de cada um dos escores de triagem da PG-SGA SF (p <0,05).

Por exemplo, pacientes com escores da PG-SGA SF de 2-3 (baixo risco) tiveram mediana da sobrevida global (SG) de 45,3 meses quando sarcopenia e miosteatose estavam ausentes, medianas de SG de 24,1 ou 24,5 meses quando sarcopenia ou miosteatose estavam presentes, respectivamente, e mediana de 18,1 meses com sarcopenia e miosteatose presentes (p = 0,001).

Com relação ao diagnóstico da sarcopenia é importante destacar que o indivíduo provavelmente tem sarcopenia quando apresenta redução da força muscular, sendo confirmado o diagnóstico quando a avaliação demonstra também baixa massa muscular ou baixa qualidade muscular. A presença do baixo desempenho físico, é indicativo de sarcopenia grave.

A baixa qualidade muscular também foi tema de mesas no congresso da ASPEN, principalmente no que se refere ao aumento da gordura intramuscular, mas também pode ser interpretada como relação entre força muscular e volume muscular. Em uma das mesas sobre avaliação da composição corporal na obesidade e sarcopenia, Dympna Gallagher, destacou que a baixa massa muscular indica sarcopenia, a baixa densidade muscular indica aumento da gordura intramuscular e a obesidade abdominal reflete elevado tecido adiposo visceral, mas, independente da medida avaliada, o peso ou o IMC mascaram todas estas condições. Desta forma, outro tema de destaque do congresso foi a avaliação da composição corporal.

Outra mesa interessante sobre o tema foi a que trouxe à tona mitos e verdades sobre o paradoxo da obesidade, a qual é fator de risco para inúmeras doenças, mas demonstra efeito protetor em determinadas condições clínicas agudas, como infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, cirurgias e pacientes em UTI; e condições crônicas, como DPOC, diabetes, insuficiência cardíaca, insuficiência renal em tratamento de hemodiálise, artrite reumatoide, câncer em estágio avançado e HIV.

O argumento a favor deste paradoxo seria a proteção da obesidade em termos de reserva metabólica, uma vez que estas doenças relacionadas a inflamação podem levar a catabolismo e desnutrição, desta forma, a obesidade retardaria as consequências no estado nutricional. Rocco Barazzoni pontua o primeiro “problema” deste paradoxo como o fato de que a maioria das publicações que mostra algum impacto positivo leva em consideração como classificação para obesidade, o IMC.

O palestrante apresentou estudo que relacionou risco de mortalidade com o IMC, e comparou grupos com a presença ou não de doença cardiovascular. Os participantes sem esta doença, possuíam como IMC ótimo a faixa de peso normal, 20 a 25 kg/m², enquanto pessoas com a doença, possuíam como IMC ótimo a faixa de sobrepeso, de 25 a 30kg/m².

Isto indica o clássico “paradoxo da obesidade” devido efeito protetor do maior IMC para indivíduos com doença cardiovascular. Contudo, ao analisar a obesidade visceral, representada no estudo pela circunferência da cintura, quanto maior esta medida, maior o risco de mortalidade, demonstrando que não existe paradoxo para obesidade visceral.

Outro estudo, agora na doença renal crônica, demonstrou efeito protetor para mortalidade quanto maior o IMC. Contudo, quando utilizada como medida a massa muscular, não houve proteção com o aumento do IMC, pelo contrário, houve aumento do risco de mortalidade, demonstrando que não há paradoxo da obesidade para baixa massa muscular.

Assim como estudos em pacientes oncológicos, em que não há paradoxo da obesidade, quando estratificados para sarcopenia, demonstrando que não há paradoxo para obesidade sarcopênica. Barazzoni termina sua fala chamando atenção para importância da avaliação da massa muscular esquelética e função física, como rotina, para pacientes obesos com comorbidades.

Quanto às recomendações, atentar-se a meta proteica e aos exercícios físicos, a fim de evitar a perda de massa muscular. Ele também cita o GLIM como ferramenta para o diagnóstico da desnutrição que permite a detecção em pacientes obesos, já que leva em consideração a perda de peso e/ ou diminuição da massa muscular como dois critérios fenotípicos; além de doença com presença de inflamação como um dos critérios etiológicos, ou seja, todos critérios que podem estar presentes também em pacientes obesos.


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