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Como evitar quedas em idosos: entrevista sobre fragilidade com Dra Simone Biesek

A fragilidade física é caracterizada pela diminuição da força, resistência e da função fisiológica, devido a uma série de fatores que, na maioria das vezes, é decorrente do envelhecimento, especialmente a partir dos 70 anos. Segundo estudos, atinge 50% da população de idosos, principalmente mulheres, causando as quedas em idosos.

Entrevistamos a especialista Dra. Simone Biesek, que é Nutricionista e Doutora em Educação Física, para falar mais sobre a fragilidade e sua relação com as quedas em idosos.

A fragilidade do ponto de vista fisiológico

De acordo com a Dra. Simone, a fragilidade é a redução na capacidade funcional do corpo. Ela representa um estado de vulnerabilidade física relacionada à idade, podendo causar perda funcional de mobilidade e quedas. Estas quedas em idosos podem levar a internações hospitalares, dificuldades de recuperação e até ao aumento da chance de morte.

Principais características de uma pessoa com fragilidade

Cinco pontos importantes se caracterizam no paciente com fragilidade, conhecido como Fenótipo da Fragilidade:

1. Perda de peso não intencional (superior a 5% no último ano)
2. Fraqueza muscular
3. Sensação de fadiga/exaustão
4. Falta de atividade física
5. Lentidão na marcha

Três ou mais desses critérios caracterizam o idoso como frágil; uma ou duas dessas características classifica o idoso como pré-frágil. Não são consideradas pessoas frágeis as que não se encaixam em nenhum dos pontos citados.

Estudos também mostram que o excesso de gordura corporal está associado com a maior chance do idoso se tornar frágil. Vale destacar que sinais como relato de fadiga/exaustão interpretados como a dificuldade do idoso em dar continuidade nas tarefas da vida diária (cozinhar, limpar a casa), e a fraqueza muscular parecem ser sinais precoces do desenvolvimento da fragilidade física.

Como o envelhecimento contribui para a fragilidade

A fragilidade física é mais frequente em indivíduos com mais de 70 anos, devido a redução da capacidade de múltiplos sistemas do corpo.

A falta de atividade física, alimentação inadequada, uso excessivo de medicamentos, inflamações e alterações hormonais decorrentes do processo de envelhecimento podem contribuir para redução da força e da massa muscular (sarcopenia).  A redução na força e potência muscular resultam em menor desempenho físico (como lentidão na marcha), tornando o idoso menos ativo. Isso resulta no ciclo do desenvolvimento da fragilidade física, conforme afirma Dra Simone.

Jovens e adultos também devem se preocupar com a fragilidade física, pois a única maneira de prevenir essa condição é por meio de um estilo de vida ativo e alimentação equilibrada.

A importância de ficar atento aos sinais da fragilidade

Segundo a Dra Simone, a fragilidade pode ser tratada e revertida especialmente nas fases iniciais. Então quanto mais precocemente identificada, maiores são as chances de reversão.

Os impactos da fragilidade na qualidade de vida

A fragilidade física predispõe o idoso à quedas e fraturas, incapacidades, dependência, hospitalizações, institucionalização e culminando com maior risco de morte. Desta forma, é de suma importância evitar a fragilidade em idosos.

Como é possível prevenir e tratar a fragilidade relacionada ao processo de envelhecimento?

Em seu estudo sobre fragilidade realizado em mulheres idosas, Simone Biesek, identificou alguns caminhos para a redução de critérios de fragilidade.

“O exercício físico é uma das principais estratégias para prevenir e tratar a fragilidade física. Nossos resultados demonstraram que o treinamento físico (…) isolado ou associado ao suplemento proteico foi capaz de reduzir o autorrelato de fadiga/ exaustão em idosas pré-frágeis da comunidade.”

A suplementação aliada às atividades física, também foi apontada como um fator
importante no tratamento da fragilidade:

“O treinamento físico associado ao suplemento proteico também auxiliou na melhora da força de tornozelo. Esse resultado é bastante relevante, pois a melhora na força de tornozelo contribuiu para menor risco de tropeços e quedas em idosos.”

Ainda no estudo conduzido pela Dra Simone, foi verificado que o suplemento proteico isolado reduziu significativamente a gordura abdominal dessas mulheres, fator relacionado ao aumento da chance de fragilidade.

O papel do suplemento proteico para o paciente com fragilidade

Segundo Simone, vários estudos também demonstram que uma maior ingestão proteica reduz a chance do idoso tornar-se frágil. Além disso, ela conta que “o envelhecimento está associado com maior resistência anabólica, sugerindo que idosos devem consumir um maior aporte proteico para manutenção e/ou aumento da massa muscular. Porém, muitos idosos frágeis podem encontrar-se em risco de desnutrição, e nesse caso deve-se garantir oferta adequada de calorias e proteínas para recuperar o estado nutricional.”

Ela também aponta que a conduta nutricional deve ser individualizada, a fim de assegurar uma ingestão nutricional adequada. A interdisciplinaridade na atuação com o idoso também é um fator a ser observado quando falamos de fragilidade.

A contribuição de BEMMAX no estudo sobre fragilidade

Em sua tese de doutorado, a Dra. Simone realizou um estudo clínico com grupos randomizados de mulheres idosas. Dois dos grupos fizeram uso do suplemento proteico BEMMAX: um deles sem realizar treinamento físico e o outro com o uso do suplemento proteico associado ao treinamento físico com jogos virtuais com aumento progressivo na carga.

BEMMAX é um suplemento desenvolvido para pacientes com necessidade elevada de proteínas para manutenção ou ganho de massa e força muscular. Possui 26 vitaminas e minerais, Whey Protein e é rico em vitamina B12, C e Selênio.

As participantes foram orientadas a consumir 1 dose diária de 21g de BEMMAX, de segunda a sexta-feira, preferencialmente no período pós treino (para as idosas que treinavam), e/ou em lanches intermediários como lanche da manhã ou lanche da tarde. O treinamento físico foi realizado 2x na semana por 50 minutos. O período da intervenção foi de 12 semanas. Simone conta que:

“Os resultados demonstraram que as idosas que fizeram o uso exclusivo do suplemento proteico reduziram a gordura abdominal e melhoraram o autorrelato de fadiga/exaustão. A redução da gordura abdominal apresenta importante relevância clínica, tendo em vista que a melhora na gordura abdominal pode auxiliar no controle clínico de doenças como o Diabetes tipo II, frequentemente presente em idosas. Quando o suplemento proteico foi associado ao treinamento físico também foi observada melhora no autorrelato de fadiga/exaustão, além de ter sido observado ganhos na força de dorsiflexores de tornozelo. A melhora na força dos músculos de tornozelo também apresenta grande relevância clínica, tendo em vista que os músculos de membros inferiores são os mais comprometidos com o envelhecimento, afetando a capacidade de geração de força muscular.”

O resultado encontrado pela Dra. Simone pode refletir em menor risco de idosas préfrágeis sofrerem quedas, situação essa frequente em idosos e que pode levar a incapacidades físicas. Outro resultado do estudo refere-se à redução do estado de fragilidade física das participantes desses grupos de intervenção, ou seja, em torno de 50% das idosas deixaram de ser classificadas como pré-frágeis e retornaram à condição de não frágeis ou robustas.

O idoso que consegue deixar da condição de fragilidade física representa menor risco de dependência, incapacidades, quedas, rápida recuperação na presença de doenças agudas, bem como redução no número de hospitalizações, afirma Simone.

Uma vida mais saudável, com menos fragilidade e um envelhecimento mais ativo

A principal orientação de acordo com a Dra. Simone, é estimular o idoso a praticar uma atividade física regular, incluindo exercícios de treinamento de força, flexibilidade e equilíbrio. O treinamento de força é o mais efetivo dos exercícios para a resistência e manutenção da massa muscular.

Outro ponto importante é associar a atividade física a uma alimentação equilibrada, com o consumo de frutas e vegetais, alimentos ricos em proteína e menor consumo de alimentos processados. O uso de terapia nutricional, para complementar a alimentação do idoso e aumentar o aporte proteico, também pode ser avaliada como uma forma de potencializar a oferta de nutrientes no tratamento e prevenção da fragilidade.

Incentivo a Pesquisa para trazer mais qualidade de vida

Investimos na pesquisa da Dra. Simone Biesek, por entender a importância das parcerias com instituições de pesquisa, para o desenvolvimento de novos saberes que tragam mais qualidade de vida e saúde para a população. Neste estudo, o alvo foram idosas pré-frágeis que fizeram o uso de BEMMAX e encontraram melhoras significativas
durante o período da pesquisa.

 

Simone Biesek
Nutricionista CRN8 – n.310
Especialização em Nutrição Clínica – UFPR
Mestre em Educação Física – UGF-RJ
Doutoranda em Educação Física – UFPR
Simone Biesek defendeu o seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação Física da UFPR, sob orientação da Profa Dra Anna Raquel Silveira Gomes. Sua tese se refere ao ensaio clínico controlado randomizado “WiiProtein” desenvolvido pela equipe Simone Biesek; Jarbas Melo Filho; Audrin Said Vojciechowski; Tamires Terezinha Gallo da Silva; Ana Carolina Ross; alunas de Iniciação Científica Gabriela Tormes, Heloisa Salamoni e André Bomfim Ferreira. O estudo teve apoio da Profa Estela Rabito, UFPR; HC; Amigos HC; CNPq; CAPES e Prodiet.
Referências
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