A dieta enteral é uma solução nutricional para pacientes que não conseguem se alimentar adequadamente por via oral.Com diferentes tipos de fórmulas e abordagens, as dietas enterais são projetadas para atender às necessidades específicas de cada paciente, oferecendo suporte nutricional completo.
De dietas artesanais a industrializadas, e com diferentes concentrações de calorias e nutrientes, entender qual tipo de dieta é mais adequado pode fazer toda a diferença na recuperação e bem-estar do paciente.
Se você quer aprender mais sobre os tipos de dieta enteral e como cada uma delas pode ser usada para garantir uma nutrição eficaz, continue lendo e descubra como escolher a melhor opção para as necessidades de quem está em tratamento.
O que é dieta enteral?
Como mencionamos rapidamente na introdução, a dieta enteral é uma forma de alimentação utilizada quando a ingestão oral de alimentos não é possível ou não é suficiente para atender às necessidades nutricionais de um paciente.
Os nutrientes são fornecidos pelas dietas enterais por meio de sondas que são inseridas no trato gastrointestinal, por meio de sonda nasogástrica, nasoentérica, gastrostomia ou jejunostomia.
As dietas enterais são formuladas de maneira específica para oferecer todos os nutrientes necessários, como proteínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais, para o paciente que precisa desse suporte alimentar.
Elas podem ser usadas em uma variedade de situações, como em pacientes que passaram por cirurgias, que têm dificuldades de deglutição ou que estão em tratamento para doenças.
Essas dietas são classificadas conforme diversos parâmetros, como o tipo de preparo(artesanal ou industrializada), a quantidade de calorias (normocalóricas ou hipercalóricas), a complexidade dos nutrientes (poliméricas, oligoméricas ou elementares), entre outros. O objetivo é sempre garantir que o paciente receba uma nutrição adequada, respeitando suas necessidades individuais e condições clínicas.
Entender as diferentes opções de dietas enterais é fundamental para garantir que a alimentação seja eficiente e ajude na recuperação ou manutenção da saúde do paciente.
Quais são os tipos de dieta enteral?
As dietas enterais podem ser classificadas de acordo com diferentes critérios, como a densidade calórica, a composição nutricional e a osmolaridade.
Essas classificações são importantes para garantir que os pacientes recebam a nutrição adequada às suas necessidades específicas, promovendo a recuperação e o bem-estar.
A seguir, exploraremos os diversos tipos de dietas enterais agrupadas de acordo com essas classificações.
Dietas por densidade calórica
Essa categoria é diferenciada pela quantidade de calorias que uma dieta fornece em um volume específico, atendendo às diferentes necessidades energéticas dos pacientes.
Normocalórica
As dietas enterais normocalóricas são formuladas para fornecer uma quantidade equilibrada de calorias, semelhante à ingestão energética diária recomendada para indivíduos saudáveis.
Elas são indicadas para pacientes que não apresentam necessidades calóricas aumentadas ou reduzidas, oferecendo uma nutrição completa e balanceada. Essas dietas são ideais para manutenção do peso corporal e podem ser utilizadas em casos de recuperação de cirurgias ou doenças não crônicas.
A fórmula normocalórica geralmente possui uma densidade energética entre1 a 1,2 kcal/ml, facilitando a administração e controle da ingestão calórica. Além disso, essas dietas são balanceadas em termos de macronutrientes, incluindo proteínas, carboidratos e lipídios, além de conterem vitaminas e minerais essenciais.
Hipercalórica
As dietas hipercalóricas são projetadas para fornecer um elevado teor calórico em um volume reduzido de líquido.
Elas são indicadas para pacientes com necessidades energéticas aumentadas, como aqueles em estado de hipermetabolismo, desnutrição grave ou com dificuldade de ingerir volumes maiores de alimentos.
A alta densidade calórica das dietas ajuda a garantir a ingestão suficiente de energia sem sobrecarregar o volume admnistrado.
Essas dietas costumam ter uma densidade energética de acima de 1,2 kcal/ml, permitindo um aporte calórico significativo em menores volumes.
Dietas por composição nutricional
Essa categoria é diferenciada pela complexidade dos nutrientes que compõem a dieta, variando desde fórmulas com nutrientes inteiros a nutrientes em suas formas mais simples.
Dieta enteral polimérica
As dietas poliméricas são compostas por nutrientes complexos, como proteínas, carboidratos e gorduras. Elas são indicadas para pacientes com função digestiva e absortiva normal, pois necessitam de um processo digestivo completo para serem absorvidas.
Estas dietas são a escolha mais comum para a maioria dos pacientes que não possuem problemas digestivos graves.
As fórmulas poliméricas são nutricionalmente balanceadas e podem ser usadas tanto para nutrição enteral de curto quanto de longo prazo. Elas oferecem uma gama completa de vitaminas e minerais, tornando-se uma opção eficiente para garantir uma nutrição completa.
Oligomérica
As dietas oligoméricas contêm nutrientes parcialmente hidrolisados, como peptídeos, aminoácidos e carboidratos simples. São indicadas para pacientes com dificuldades digestivas e absortivas, pois os nutrientes mais simples são mais facilmente digeridos e absorvidos pelo organismo.
Essas dietas são particularmente úteis em condições como síndrome do intestino curto ou outras desordens gastrointestinais. A absorção facilitada garante que o paciente receba os nutrientes necessários sem sobrecarregar o sistema digestivo.
Elementar
As dietas elementares são compostas por nutrientes em suas formas mais simples, como aminoácidos livres, glicose e ácidos graxos. Elas são indicadas para pacientes com sérias dificuldades de digestão e absorção, pois os nutrientes não requerem digestão e são prontamente absorvidos no intestino delgado.
Estas dietas são frequentemente utilizadas em casos graves de disfunção gastrointestinal ou doenças inflamatórias intestinais. A fórmula elementar proporciona uma nutrição completa enquanto minimiza a sobrecarga no sistema digestivo.
Dietas por osmolaridade
Essa categoria é diferenciada pela concentração de solutos presentes na dieta em comparação com o plasma sanguíneo, o que afeta a tolerância e absorção intestinal.
Hipertônica
As dietas hipertônicas possuem uma concentração de solutos entre 550-750mOsm/kg de água, superior à do plasma sanguíneo. Em algumas situações, o consumo da dieta pode atrair água para o intestino e causar desconforto gastrointestinal.
Normalmente, dietas com alta densidade energética possuem maior osmolaridade.
Isotônica
As dietas isotônicas têm uma osmolaridade similar à do plasma sanguíneo, entre 300-350mOsm/kg de água, o que facilita a tolerância e a absorção dos nutrientes..
A fórmula isotônica é equilibrada em termos de água e dos nutrientes da dieta.
Hipotônica
As dietas hipotônicas têm uma menor concentração de solutos em comparação ao plasma sanguíneo, entre 280-300mOsm/kg de água, o que pode facilitar a absorção de água e solutos pelo intestino. São indicadas para pacientes que possuem dificuldades em tolerar dietas com maior concentração de solutos.
Com essas classificações e descrições, fica claro que as dietas enterais podem ser escolhidas de acordo com as necessidades específicas de cada paciente, garantindo uma nutrição adequada e eficaz em diversas situações clínicas.
Como escolher dieta enteral?
Escolher a dieta enteral adequada envolve considerar vários fatores, como as necessidades nutricionais específicas do paciente, a função digestiva, o estado clínico geral e os objetivos do tratamento.
É fundamental discutir todos esses pontos com uma equipe de profissionais de saúde, incluindo médicos, nutricionistas e enfermeiros, para determinar a melhor opção de dieta enteral.
A seguir, apresentamos alguns dos critérios mais importantes para a escolha da dieta enteral:
- Necessidades calóricas e nutricionais: avaliar a necessidade energética do paciente.
- Função digestiva e absorção: considerar a capacidade digestiva e absortiva do paciente, optando por dietas poliméricas, oligoméricas ou elementares conforme a necessidade.
- Estado clínico: levar em conta o quadro clínico e individualidades do paciente, incluindo doenças crônicas, condições agudas e fatores como intolerâncias ou alergias alimentares.
Perguntas frequentes sobre dieta enteral
Mesmo após essa leitura, é normal ainda ter dúvidas sobre a dieta enteral e seu uso adequado. Abaixo, vamos abordar algumas das perguntas mais frequentes para esclarecer essas incertezas e ajudar você a entender melhor esse importante recurso nutricional.
Quando é indicada a dieta enteral?
A dieta enteral é indicada quando o paciente não consegue atingir suas necessidades nutricionais por via oral, mas ainda possui um trato gastrointestinal funcional.
Isso pode incluir situações como cirurgias, nutrição do paciente oncológico, doenças neurológicas, desnutrição grave, entre outras condições que dificultam a ingestão de alimentos sólidos ou líquidos.
A dieta enteral ajuda a garantir que o paciente receba os nutrientes essenciais para a recuperação e manutenção da saúde.
Quais cuidados tomar ao administrar a dieta enteral?
Administrar a dieta enteral requer alguns cuidados importantes para garantir a segurança e eficácia do tratamento. Estes incluem:
- Posicionamento do paciente: o paciente deve ser mantido em uma posição semi-elevada (30-45 graus) durante a administração e por pelo menos 30 minutos após a alimentação para prevenir aspiração.
- Higiene e manutenção do equipamento: manter a higiene rigorosa dos dispositivos de alimentação, como sondas e bombas, para prevenir infecções.
- Monitoramento e avaliação: acompanhar regularmente o estado nutricional do paciente, monitorando sinais de intolerância, como náuseas, vômitos, diarreia ou distensão abdominal.
- Controle de fluxo e volume: ajustar a taxa de infusão e o volume da dieta de acordo com a tolerância e necessidades do paciente, seguindo as recomendações dos profissionais de saúde.
Por que a dieta enteral é importante?
A dieta enteral desempenha um papel crucial na nutrição clínica, oferecendo inúmeros benefícios, como:
- Manutenção e recuperação nutricional: fornece os nutrientes necessários para prevenir a desnutrição e apoiar a recuperação do paciente.
- Preservação da função gastrointestinal: mantém a integridade e a função do trato gastrointestinal, prevenindo atrofia e promovendo a absorção de nutrientes.
- Melhora dos resultados clínicos: contribui para a melhora dos resultados clínicos, reduzindo complicações associadas à desnutrição e encurtando o tempo de internação hospitalar.
- Suporte personalizado: permite a personalização da nutrição de acordo com as necessidades específicas de cada paciente, garantindo um suporte nutricional adequado e direcionado.
Lembre-se: as informações compartilhadas aqui são educativas, mas jamais substituem o acompanhamento profissional. Consultar médicos e nutricionistas é fundamental para um cuidado nutricional individualizado e eficaz.
Em caso de dúvidas sobre a administração das dietas enterais da Prodiet, oferecemos um canal de suporte exclusivo, com nutricionistas reais prontos para tirar suas dúvidas e fornecer orientações sobre a rotina de administração da dieta enteral em casa!
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Referências
ANVISA. Perguntas & Respostas: Fórmulas para Nutrição Enteral. 2ª ed. Gerência-geral de alimentos. Gerência de Regularização de Alimentos. Brasília, 14 de junho de 2019.
Guia de nutrição enteral ambulatorial e domiciliar [recurso eletrônico] / Lúcia Leite Laís e Sancha Helena de Lima Vale (organizadoras). – Natal: Edição do Autor, 2018.
MATSUBA, C. S. T. et al. Diretriz BRASPEN de enfermagem em terapia nutricional oral, enteral e parenteral. Braspen Journal, v. 36, n. 3, p. 1-62, 2021.
RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 21, DE 13 DE MAIO DE 2015. Dispõe sobre o regulamento técnico de fórmulas para nutrição enteral.
RESOLUÇÃO RDC Nº 503, DE 27 DE MAIO DE 2021. Dispõe sobre os requisitos mínimos exigidos para a Terapia de Nutrição Enteral.