Quando se fala em obesidade e controle do peso, logo se pensa na cirurgia bariátrica, bastante famosa no Brasil e que, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), coloca o país em segundo lugar no número de procedimentos realizados por ano, atrás apenas dos Estados Unidos.
Este pode ser um fator decorrente do número crescente de obesos em terras brasileiras. Afinal, segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde (MS), apresentada no início de 2014, mais de 50% da população estão acima do peso. Os obesos representam 17,5% desta porção. Na mesma pesquisa, constatou-se que após oito anos de evolução constante do número de casos de obesidade a situação estagnou.
Indicada para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 e com comorbidades associadas, como diabetes e hipertensão, a cirurgia bariátrica é considerada um método rápido e eficaz para perda de peso. Entretanto, existem casos em que o processo é reverso e, após a cirurgia, o paciente volta a ter os quilos perdidos. Esta recuperação de peso pode ser influenciada por determinados fatores.
De acordo com o médico cirurgião bariátrico Alcides José Branco Filho, do Centro Avançado de Videolaparoscopia do Paraná, os principais casos de reganho de peso estão associados aos hábitos do paciente. Há alguns que não se exercitam nem cuidam da alimentação após a cirurgia. Isso, claro, resultará na recuperação dos quilos já perdidos, explica. No entanto, o médico ressalta que, após o procedimento, é possível que os pacientes recuperem até 15% do seu peso até que ele se estabilize. Segundo Almiro Ramos, médico presidente da SBCBM, problemas relacionados a reganho do peso podem ocorrer em cerca de 10% a 15% dos casos.
Branco Filho ainda comenta que é muito importante no processo de emagrecimento o acompanhamento pós-operatório com médicos, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e demais profissionais da saúde envolvidos na redução de peso do paciente é primordial. É preciso que o paciente não se descuide, que tenha acompanhamento após a cirurgia, além de estar envolvido em uma cadeia de apoio – família e amigos – neste processo que, por sinal, é longo e precisa de atenção, afirma. Outro motivo que pode levar o paciente ao peso anterior é o insucesso da cirurgia, mas isto dependerá de uma avaliação mais profunda, explica o cirurgião. Cerca de 95% dos pacientes dizem estar totalmente satisfeitos com o resultado. Para termos um índice nesse patamar, deve ser ressaltado também o papel fundamental do preparo e acompanhamento multidisciplinar no resultado final da cirurgia, que é considerada de baixo risco explica o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Quando bem-sucedida, a cirurgia proporciona melhor qualidade de vida ao paciente e reduz de forma drástica os problemas enfrentados pelos obesos, como afirma o profissional de saúde. Poderia dizer que, cerca de 95% dos pacientes que passaram pela cirurgia e são diabéticos, deixam de usar medicação após o procedimento e a perda de peso, conclui. Vale ressaltar que os casos em que há necessidade de realização da cirurgia bariátrica são específicos nem sempre havendo a necessidade de um procedimento cirúrgico para garantir uma vida mais saudável.