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Nutrientes importantes para cicatrização de feridas

6 de agosto de 2024
Prodiet Medical Nutrition

Você sabia que a cicatrização de feridas vai muito além dos cuidados tópicos? A chave para uma recuperação rápida e eficiente está diretamente ligada ao que você coloca no prato! 

De antemão, já anunciamos que não dá para esperar uma boa cicatrização de feridas quando se vive em um quadro de deficiência nutricional, uma vez que o sistema imune sofre as consequências e diminui a qualidade e a produção do tecido de reparação. 

Uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes específicos pode acelerar o processo de cicatrização, fortalecendo o organismo e evitando complicações. Quer descobrir quais são os alimentos que podem fazer a diferença na sua recuperação ou na daqueles que você cuida? 

Continue lendo e conheça os nutrientes essenciais que irão transformar a forma como você enxerga a nutrição e a saúde da pele! 

Lesões de difícil cicatrização

Lesões de difícil cicatrização são feridas que, por diversos fatores, não seguem o processo normal de reparação tecidual e permanecem abertas por longos períodos. Entre estas lesões, destacam-se as lesões por pressão e as úlceras do pé diabético, cada uma com características e desafios específicos que requerem atenção e cuidados diferenciados.

Lesão por pressão

Lesões por pressão, também conhecidas como escaras ou úlceras de pressão, são um problema significativo de saúde, especialmente em pacientes acamados ou com mobilidade reduzida. 

Elas ocorrem devido à pressão prolongada sobre a pele, que compromete a circulação sanguínea e leva ao dano tecidual. 

Para entender melhor a gravidade e os cuidados necessários, essas lesões são classificadas em diferentes estágios:

Lesão por Pressão Estágio 1: pele íntegra com eritema (vermelhidão) que não embranquece

No estágio 1, a pele ainda está intacta, mas apresenta um eritema que não desaparece quando pressionado. Este é o sinal mais precoce de uma lesão por pressão e indica que há uma interrupção no fluxo sanguíneo. A área afetada pode ser dolorosa, firme, mais quente ou mais fria do que a pele ao redor. É essencial intervir rapidamente nesta fase para prevenir a progressão.

Imagine um idoso acamado que não pode se mover facilmente. Se não forem feitas mudanças frequentes de posição, a pele nas áreas de maior pressão, como os calcanhares e os quadris, pode começar a mostrar sinais de eritema persistente.

Lesão por Pressão Estágio 2: perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme

No estágio 2, há uma perda parcial da espessura da pele, afetando a epiderme e possivelmente a derme. A área lesionada pode se apresentar como uma bolha rompida ou ferida vermelho-rosado, sem tecido desvitalizado. Este estágio é mais doloroso e requer cuidados especiais para evitar infecções.

Um exemplo seria um paciente com mobilidade limitada desenvolve uma bolha no tornozelo devido à fricção constante da cama. Quando a bolha rompe, expõe a derme subjacente, necessitando de curativos apropriados para evitar infecção.

Lesão por Pressão Estágio 3: perda da pele em sua espessura total

No estágio 3, a lesão envolve a perda total da espessura da pele, com exposição do tecido subcutâneo. O leito da ferida pode mostrar tecido adiposo visível, mas não há exposição de ossos, músculos ou tendões. Podem estar presentes tecido desvitalizado (escarro) ou exsudato (secreção).

Uma pessoa com imobilização completa pode desenvolver uma úlceras, onde a pressão contínua causa uma ferida profunda que atinge o tecido subcutâneo. Essa ferida requer desbridamento e cuidados intensivos para promover a cicatrização.

Lesão por pressão Estágio 4: perda da pele em sua espessura total e perda tissular

Este é o estágio mais grave, onde há perda total da espessura da pele e tecido, com exposição de ossos, músculos ou tendões. O risco de infecção é extremamente alto, e a cicatrização é complexa e prolongada. Necessita de intervenção médica avançada, incluindo possíveis enxertos de pele.

Um paciente com uma lesão por pressão no calcanhar, que não foi tratada adequadamente, pode evoluir para o estágio 4, expondo o osso do calcanhar. Esta situação frequentemente requer cirurgia e cuidados especializados.

Lesão por Pressão Não Classificável: perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível

Estas lesões envolvem a perda total da espessura da pele, mas a base da ferida está coberta por escara (tecido morto) ou tecido desvitalizado, impossibilitando a avaliação completa da profundidade. A remoção do tecido desvitalizado é necessária para determinar a extensão da lesão.

Exemplo: Um paciente apresenta uma ferida coberta por uma crosta escura no quadril. Somente após a remoção desse tecido morto é possível avaliar a verdadeira profundidade e extensão da lesão.

Lesão por Pressão Tissular Profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece

Essas lesões se caracterizam por descoloração persistente vermelho escura, marrom ou púrpura, indicando dano tecidual profundo sob a pele intacta. Podem evoluir rapidamente para um estágio mais grave se não forem tratadas prontamente.

Lesão por Pressão Relacionada a Dispositivo Médico

Lesões por pressão relacionadas a dispositivos médicos ocorrem quando um dispositivo médico aplicado no paciente exerce pressão contínua sobre a pele ou tecidos subjacentes. Exemplos comuns incluem máscaras de oxigênio, tubos de alimentação e cateteres. Estas lesões são particularmente desafiadoras porque os dispositivos são frequentemente essenciais para o tratamento do paciente, dificultando a remoção ou reposicionamento.

Se uma lesão se desenvolver, é crucial minimizar o uso do dispositivo na área afetada, se possível, e adotar medidas de alívio de pressão, além de seguir as práticas padrão de cuidado de feridas.

Lesão por Pressão em Membranas Mucosas

Lesões por pressão em membranas mucosas ocorrem em superfícies corporais internas revestidas por mucosa, como a boca, narinas e esôfago. Estas lesões são frequentemente associadas ao uso de dispositivos médicos como tubos endotraqueais, sondas nasogástricas e outros equipamentos inseridos através das vias mucosas.

Envolve cuidados rigorosos com a higiene oral ou do local afetado, alívio de pressão, e em alguns casos, a substituição do dispositivo ou mudança de técnica de inserção.

Pé diabético

O pé diabético é uma complicação comum em pacientes com diabetes mellitus, caracterizado pela formação de úlceras nos pés devido à neuropatia diabética (dano nervoso) e doença vascular periférica (má circulação). 

Essas úlceras são particularmente preocupantes porque a neuropatia reduz a sensibilidade nos pés, permitindo que pequenas feridas passem despercebidas e evoluem para infecções graves.

Como a nutrição adequada pode influenciar a cicatrização de feridas?

A nutrição adequada desempenha um papel fundamental na cicatrização de feridas, influenciando diretamente a capacidade do organismo de reparar tecidos danificados. 

Ou seja, não dá para esperar uma boa cicatrização de feridas quando se vive em um quadro de deficiência nutricional, uma vez que o sistema imune sofre as consequências e diminui a qualidade e a produção do tecido de reparação. 

Uma dieta balanceada fornece ao corpo os nutrientes essenciais necessários para cada fase do processo de cicatrização, desde a inflamação inicial até a remodelação do tecido. Além disso, uma alimentação rica em nutrientes fortalece o sistema imunológico, prevenindo infecções e promovendo uma recuperação mais rápida e eficaz.

Principais nutrientes envolvidos no processo cicatrização

Além dos cuidados mecânicos e de higiene, a nutrição desempenha um papel vital na prevenção e tratamento de lesões. A ingestão adequada de nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas A, C e E, e minerais como zinco e selênio, é crucial para a integridade da pele e das membranas mucosas, bem como para a cicatrização eficiente. Vamos entender mais: 

Proteínas

As proteínas são os blocos de construção do corpo e desempenham um papel vital na cicatrização de feridas. Elas são necessárias para a síntese de colágeno e outros componentes do tecido conjuntivo. Alimentos como carnes magras, ovos, leguminosas e laticínios são excelentes fontes de proteína.

Arginina

A arginina é um aminoácido que estimula a produção de colágeno e melhora o fluxo sanguíneo para as áreas lesionadas, acelerando o processo de cicatrização. Ela pode ser encontrada em alimentos como carne de frango, peixe, nozes e sementes.

Vitamina A

A vitamina A é crucial para a proliferação celular e a formação de tecido epitelial. Ela também possui propriedades anti-inflamatórias que ajudam a reduzir o risco de infecção. Alimentos ricos em vitamina A incluem cenoura, abóbora, espinafre e fígado.

Vitamina C

A vitamina C é indispensável para a síntese de colágeno e para a função imunológica. Ela também atua como um antioxidante, protegendo as células dos danos dos radicais livres. Frutas cítricas, morangos, kiwis e pimentões são ótimas fontes de vitamina C.

Vitamina E

A vitamina E é conhecida por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, que ajudam a proteger as células durante o processo de cicatrização. Nozes, sementes, espinafre e brócolis são boas fontes dessa vitamina.

Zinco

O zinco desempenha um papel crucial na síntese de proteínas e colágeno, além de reforçar o sistema imunológico. Ele é encontrado em carnes, frutos do mar, nozes e leguminosas.

Selênio

O selênio é um mineral com propriedades antioxidantes que ajudam a proteger as células do estresse oxidativo durante a cicatrização. Alimentos ricos em selênio incluem castanha-do-pará, frutos do mar e ovos.

Existem alimentos que podem prejudicar a cicatrização?

Sim, alguns alimentos podem prejudicar o processo de cicatrização de feridas, especialmente quando consumidos em excesso ou em determinadas condições. Alimentos ricos em gorduras saturadas, como frituras, alimentos processados e fast food, podem aumentar a inflamação no corpo. Isso não apenas retarda a cicatrização, mas também aumenta o risco de complicações, como infecções. 

Além disso, o consumo excessivo de açúcar refinado e alimentos com alto índice glicêmico pode interferir nos níveis de glicose no sangue, dificultando a cicatrização e favorecendo a proliferação bacteriana na área afetada.

Outro ponto importante são os alimentos ricos em sódio e conservantes, presentes em muitos alimentos industrializados. O consumo excessivo desses ingredientes pode levar à retenção de líquidos e aumentar o inchaço, o que pode comprometer a circulação sanguínea na região da ferida e prejudicar a sua cicatrização. 

Portanto, é recomendável evitar e/ou reduzir o consumo desses alimentos durante o processo de recuperação de feridas.

Além dos alimentos mencionados, o álcool também pode interferir negativamente na cicatrização. O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode comprometer o sistema imunológico e aumentar o tempo de recuperação, além de aumentar o risco de complicações pós-operatórias.

Em conclusão, a nutrição desempenha um papel fundamental na cicatrização de feridas, influenciando diretamente a velocidade e a eficácia do processo de recuperação. Optar por uma dieta rica em nutrientes essenciais, como proteínas, vitaminas e minerais, é crucial para promover uma resposta imunológica adequada e estimular a regeneração dos tecidos danificados. 

Evitar alimentos que possam prejudicar a cicatrização, como os ricos em gorduras saturadas e açúcares refinados, é igualmente importante. 

 Priorize a alimentação saudável para auxiliar na cicatrização de forma mais rápida e eficiente!

Referências

GUO, S.; DIPIETRO, L.a.. Factors Affecting Wound Healing. Journal Of Dental Research, [s.l.], v. 89, n. 3, p. 219-229, 5 fev. 2010. SAGE Publications.

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DINIZ, Andrea Goulart. Relevância da nutrição no processo de cicatrização de feridas. 2013. 53 f. Monografia (Especialização) – Curso de Atenção Básica na Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, Logoa Santa, MG, 2013.

MORAES, Juliano Teixeira et al. Conceito e classificação de lesão por pressão: atualização do national pressure ulcer advisory panel. Revista de Enfermagem do Centro-Oeste Mineiro, [S.L.], v. 6, n. 2, p. 2292-2306, 29 jun. 2016.

LEAL, E. C.. Cicatrização de Feridas: o fisiológico e o patológico. Revista Portuguesa de Diabetes, Coimbra, v. 3, n. 9, p. 133-143, set. 2014.

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