A nutrição oral serve como um suporte para a alimentação convencional, quando esta não é capaz de suprir as necessidades de nutrientes exigidas pelo organismo. Eliana Louzada, nutricionista e doutoranda em Gerontologia pela USP, explica que, em relação aos idosos, esta tende a ser uma prática comum em casos de má alimentação ou deficiências nutricionais, que podem ser decorrentes de uma ingestão ou absorção inadequada de nutrientes.
Segundo a profissional, que desenvolve uma pesquisa com idosos sob a orientação da doutora Sandra Maria Lima Ribeiro, também da USP, para prescrever qualquer tipo de nutrição oral é necessário uma avaliação do estado nutricional do idoso. Esta avaliação aborda alguns aspectos como, por exemplo, deficiência proteica e perda de massa muscular esquelética. Para isso, é preciso partir de uma avaliação antropométrica, ou seja, uma investigação baseada na avaliação da composição corporal global, além de exames laboratoriais e a percepção de sinais clínicos, tais como cansaço, fraqueza, apatia e tontura.
No entanto, conforme explica Eliana, existem casos específicos em que este reforço à alimentação convencional se torna viável para os idosos, mesmo quando não há deficiência nutricional. A ausência de dentes ou dificuldade para mastigar os alimentos sólidos são exemplos disso e requerem uma nutrição oral preventiva. Ou, ainda, quando há dificuldade no preparo dos alimentos convencionais, pois idosos que moram sozinhos costumam apresentar monotonia alimentar, segundo a nutricionista. Uma alimentação em pó ou até mesmo já pronta para consumo, por exemplo, pode garantir que o idoso continue se alimentando e recebendo os nutrientes necessários para o bom funcionamento do organismo, explica.
Proporcionar refeições equilibradas juntamente a um reforço na nutrição oral é uma estratégia para minimizar os efeitos negativos sobre a cognição em pessoas mais velhas. De acordo com a investigação da doutoranda em Gerontologia e com demais estudos acadêmicos voltados aos idosos, alguns aspectos contribuem para o surgimento de demências e mal de Alzheimer, dentre eles, especula-se que a ausência de nutrientes como as vitaminas B6, B12, Ômega 3, aminoácidos e proteínas podendo, até mesmo, antecipar o surgimento dessas doenças.
Um exemplo claro dos prejuízos à cognição que a deficiência nutricional traz é a dificuldade que crianças em idade escolar apresentam em acompanhar os estudos. Em alguns casos, a dificuldade no aprendizado, bem como a falta de concentração na leitura, advém de uma alimentação fraca e desregrada, compara. Logo, para prevenir esta e demais perdas advindas de maus hábitos alimentares, a dica é a de sempre: investir em refeições consistentes e com elevado aporte nutritivo. Ainda de acordo com Eliana, é importante ressaltar que a nutrição oral não deve ser feita de maneira aleatória, devendo ser recomendada por um médico ou nutricionista.
Vale lembrar que no dia 1º comemorou-se o Dia Internacional de Atenção à Pessoa Idosa, instituído em 1991 pela ONU em busca de sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento. Apesar das possibilidades de perdas em decorrência da idade, os idosos são cada vez mais saudáveis. Confira alguns dados sobre eles: