Problema, que afeta de 3% a 25% mulheres, aparece geralmente depois do segundo trimestre de gestação; Alimentação saudável é a melhor prevenção
Sabe-se que o diabetes acontece quando o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio chamado insulina em quantidade suficiente ou quando este hormônio não é capaz de agir de maneira satisfatória. Mas, quando isso ocorre a primeira vez durante a gestação, a condição é chamada de diabetes gestacional e geralmente se desenvolve na segunda metade da gravidez.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), durante a gravidez ocorrem adaptações na produção hormonal materna para permitir o desenvolvimento do bebê. A placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. O pâncreas, consequentemente, aumenta a produção de insulina para compensar este quadro de resistência a sua ação.
Em algumas mulheres, entretanto, este processo não ocorre e elas desenvolvem quadro de diabetes gestacional, caracterizado pelo aumento do nível de glicose no sangue. Quando o bebê é exposto a grandes quantidades de glicose ainda no ambiente intra-uterino, há maior risco de crescimento fetal excessivo (macrossomia fetal) e, com isso, partos traumáticos, hipoglicemia neonatal e até de obesidade e diabetes na vida adulta.
Como raramente apresenta sintomas, é necessário realizar exames periódicos para detectar a condição a partir da 24ª semana (início do 6º mês). Os mais indicados são glicemia em jejum e teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Quando manifesta sintomas, os mais comuns são aumento da sede e da fome, aumento da micção e visão turva.
Tratamento
De acordo com a médica Lenita Zajdenverg, endocrinologista e nutróloga responsável pelo acompanhamento de gestantes diabéticas da Maternidade Escola do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro (em entrevista concedida ao site www.bebe.abril.com.br), apenas 20% das mulheres com diabetes gestacional precisam fazer uso de insulina, que é um tratamento seguro e não afeta nem a mãe nem o bebê. Dependendo do grau do problema, se as taxas de açúcar estiverem pouco alteradas, a alimentação pode ser a única forma de tratamento. “A maior parte das mulheres que têm diabetes gestacional consegue controlar as taxas de açúcar apenas com dieta e, se não houver contra-indicação, com a prática de uma atividade física”, esclarece a médica.
Quais os riscos para o bebê?
Em entrevista, o médico Paulo Nader, presidente do Departamento de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, conta que dois terços do açúcar da mãe vão para o bebê. Além disso, a insulina produzida para processar o sangue também promove o crescimento de alguns órgãos e tecidos. “Dessa forma, níveis elevados dessa substância vão interferir diretamente no desenvolvimento do feto, que pode se tornar um bebê com um tamanho acima da média.
Terapia Nutricional e prevenção
Uma estratégia de prevenção bem sucedida se dá por meio da adoção de uma dieta saudável e da prática regular de alguma atividade física.
Segundo a SBD, as gestantes com diagnóstico de diabetes devem receber orientação dietética individualizada e a dieta deve conter os nutrientes essenciais para o adequado desenvolvimento do bebê, considerando o índice de massa corporal (IMC), na frequência e intensidade de exercícios físicos, no padrão de crescimento fetal e visando ao ganho de peso adequado.
Segundo o Institute of Medicine, 2009, o ganho de peso esperado ao longo da gestação deve considerar o IMC pré gestacional, conforme a tabela a seguir:
Diabetes tipo 2 (DM2) após a diabetes gestacional
Segundo a médica endocrinologista Josiane Cristine Melchioretto Detsch, em entrevista ao site do Centro de Diabetes Curitiba, mulheres com histórico de diabetes gestacional têm risco aumentado para o aparecimento de diabetes tipo 2 após o parto, em média um risco de 20 a 40% em um período de dez a 20 anos.
Ainda de acordo com a médica, há outros fatores de risco para o aparecimento de DM2 após o parto: início precoce do diabetes na gestação (antes de 24 semanas), uso de altas doses de insulina durante a gestação, ganho de peso excessivo durante a gestação e histórico familiar de diabetes.
“A reclassificação do status glicêmico materno deve ser realizada em seis semanas após o parto, com novo teste oral de tolerância à glicose. Mulheres com glicemia em jejum alterada ou intolerância à glicose devem refazer o teste para diabetes anualmente. Estas pacientes devem receber orientações sobre mudanças de estilo de vida e devem ser colocadas em um programa de exercícios individualizado, devido ao alto risco de evolução para o diabetes tipo 2”, explica.
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Referências:
https://www.diabetes.org.br/publico/diabetes-gestacional
https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional/002-Diretrizes-SBD-Diabetes-Gestacao-pg323.pdf
https://www.diabetes.org.br/profissionais/images/pdf/diabetes-gestacional/001-Diretrizes-SBD-Diabetes-Gestacional-pg192.pdf
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes-gestacional
https://bebe.abril.com.br/gravidez/20-questoes-sobre-o-diabete-gestacional/
http://www.centrodediabetescuritiba.com.br/artigos/diabetes-gestacional-e-o-risco-futuro-de-diabetes-tipo-2/