O Núcleo Nacional das Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (Nead) reúne dezenas de empresas que atuam em assistência domiciliar no Brasil. Em entrevista ao Blog Prodiet, o presidente do Nead, André Minchillo, fala sobre os desafios para a difusão desta prática nos sistema de saúde público e privado. Confira:
BP: Qual o panorama atual do mercado brasileiro de atenção domiciliar?
Minchillo: Este setor ocupa importante papel em todas as discussões das políticas de saúde pública e privada em todo o mundo. Relativamente jovem no Brasil, esta modalidade assistencial encontra-se em franco crescimento, seja nos aspectos de demanda de serviço, seja na velocidade em que se incorpora às práticas de estudo e pesquisa e no desenvolvimento da indústria de saúde em nosso país. Reconhecida como parte do ciclo de cuidados, a Atenção Domiciliar contribui para um melhor gerenciamento da relação de qualidade e custos assistenciais. Prova disso é o crescimento de empresas e profissionais que atuam neste segmento e da procura por qualificação de pessoas e serviços. Atua desde a prevenção, reabilitação e cuidados continuados e paliativos.
BP: Que fatores contribuíram para o crescimento do home care no Brasil?
Minchillo: Reconhecida como ferramenta de gestão e como aliada às melhores práticas assistenciais, não só pelo setor privado, mas de forma crescente pelo setor público, a AD vem sendo conhecida e reconhecida pela sociedade médica brasileira. As principais operadoras de planos de saúde já oferecem opções de Atendimento e Internação Domiciliar. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) introduziu a Internação Domiciliar em seu último rol de procedimentos. Os hospitais participam do empenho em desospitalizar pacientes que não mais requeiram tratamentos complexos e introduzi-los com segurança em planos assistenciais domiciliares. Todos estes fatores vêm contribuindo para a sustentabilidade do segmento e fomento das cadeias produtivas interessadas.
BP: Quantas empresas privadas atuam no setor atualmente? O cenário era muito diferente há 10 anos?
Minchillo: Não há números precisos para indicar a quantidade de empresas privadas atuantes no Brasil, mas é bastante claro o incremento no volume de empresas que nasceram nos últimos anos para atuar especificamente em AD. Calcula-se que o setor movimento quase 1 bilhão de reais e participe em mais de 150 mil atendimentos ao ano.
BP: Como o programa Melhor em Casa e outras iniciativas governamentais como o PRODHOM vão influenciar o mercado de home care no país? Iniciativa privada e poder público são concorrentes neste setor?
Minchillo: O PRODHOM foi o primeiro programa público a ter uma lei municipal sancionada, com o fim específico de prestar serviços de Atenção Domiciliar à população. O Governo Federal, ao lançar o Melhor em Casa, ratifica o compromisso com a democratização dos modelos de saúde que são relevantes à população. Com isto, corrige o problema de super lotação nos hospitais públicos e permite a continuidade, garantida agora por lei, dos cuidados a pacientes que tiveram indicações para os diferentes programas. Significa a consolidação da Atenção Domiciliar no cenário de saúde brasileira.
BP: Quais as vantagens do atendimento e da internação domiciliar, em comparação com o hospital?
Minchillo: Para cada perfil de pacientes se estabelece um planejamento assistencial, que pode ser desde procedimentos pontuais, como antibioticoterapias, nutrição enteral ou curativos, até os mais complexos, envolvendo um grande número de profissionais e recursos. Para todos, a AD é realizada de forma mais personalizada, atendendo às questões técnicas pertinentes ao quadro clínico e também atenta às questões de reintegração social do paciente. Não só há menor porcentagem de riscos, como infecções e lesões cutâneas, tão mais frequentes em meios hospitalares, mas também a possibilidade de manejo dos recursos conforme a melhora ou agravamento do quadro clínico. A integração da família às orientações da equipe multiprofissional também é outro fator que interfere positivamente na evolução esperada.
BP: Como você avalia o futuro do home care no Brasil?
Minchillo: O segmento de Atenção Domiciliar no Brasil é extremamente dinâmico e está se diversificando em novas possibilidades de negócios. Surgem eventos que já falam em telehomecare e os aparatos tecnológicos não param de surgir. Entretanto, não podemos esquecer que a AD se firmou como uma modalidade assistencial humanizada e mais particularizada às necessidades do paciente. Não há duvidas que o setor esteja amadurecendo, encarando todos os desafios legais, regulamentares e técnicos. O Nead tem participado de forma ativa, criando ambientes para discussão e esclarecimentos de todos estes aspectos. Informar ao público leigo e aos profissionais de saúde é fundamental. Creio que a AD poderá contribuir com as políticas de qualidade e de gestão do sistema de saúde brasileiro, como ocorre em outros países. Possibilitando melhor gestão de leitos e recursos mais balizados, a profissionalização de empresas e pessoas será cada vez mais necessária para atender à crescente demanda de solicitações de serviços.