Durante os dias 11 a 14 de junho aconteceu a edição do GANEPÃO 2019, em São Paulo. O evento contou com mais de 2500 congressistas e englobou o 8º Congresso Brasileiro de Nutrição Integrada (CBNI) e 4º Congresso Brasileiro de Pre, Pro e Simbióticos (PreProSim), sendo um dos maiores Congressos de Nutrição da América Latina.
O congresso contou com muitos temas interessantes em diversas áreas da nutrição clínica. Um dos temas mais abordados durante o congresso foi a saúde do idoso e a importância da suplementação.
Sobre a saúde do idoso, há uma curva crescente da população idosa brasileira, e este crescimento tem acontecido de forma muito acelerada – de 7 para 14% nos últimos 20 anos, surgindo de forma expressiva a população dos superidosos (maiores de 80 anos). Nesse cenário, foram discutidas questões como a sarcopenia e a fragilidade.
idosos apresentam perda progressiva de massa muscular, especialmente quando existe alguma doença crônica associada, como diabetes e doença cardiovascular. Devido à redução da massa muscular, há redução da mobilidade e aumento do grau de dependência para as atividades diárias, devendo ser este o foco do cuidado: manter o paciente nutrido para realizar as atividades do dia a dia de forma independente.
Neste contexto foram discutidas alterações naturais da idade, como modificação do paladar, da dentição, da deglutição, da microbiota gastrintestinal. O maior destaque foi a ingestão alimentar reduzida nesta faixa etária, especialmente de alimentos de difícil mastigação, como carnes. Isso agrava a condição sarcopênica, uma vez que geralmente o consumo proteico está reduzido nestas condições. As recomendações de proteína para idosos está entre 1 a 1,2 g/Kg por dia para idosos saudáveis, 1,2 a 1,5 g/Kg por dia para idosos com doença aguda ou crônica e 2 g/Kg por dia no caso de doença grave ou desnutrição, conforme Guideline ESPEN.
Diante da elevada necessidade proteica, e frente ao baixo consumo, pela ingestão alimentar insuficiente, foram discutidas estratégias para atingir as metas nutricionais, como uso de alimentos com maior densidade calórica e suplementação alimentar, especialmente em relação à proteína, devendo considerar a oferta de quantidade adequada de proteínas de alto valor biológico. Neste contexto, foram discutidos aminoácidos específicos como a Leucina. O consumo de suplementos alimentares com leucina aponta melhores resultados pelo estímulo à síntese proteica, podendo ser utilizados como estratégia para recuperação do estado nutricional. Ainda, foram abordados estudos que demonstram a associação entre atividade física para estímulo à síntese muscular e a suplementação adequada, sendo esta a melhor combinação estratégica de tratamento.
Sobre os suplementos alimentares, os enfoques foram: melhor custo benefício, melhor prognóstico pós alta hospitalar, menor tempo de hospitalização. Algo mencionado em diversas palestras foi que os índices de desnutrição permanecem altos em ambientes hospitalares ao longo dos anos, contudo, quando o paciente desnutrido é identificado, muitas vezes a suplementação nutricional não ocorre. A estimativa é que 1 a cada 4 pacientes desnutridos seja suplementado, segundo dados do NutritionDay, sendo que estes não atingem as necessidades estimadas (<75% das necessidades). Além disso, diversos estudos foram apresentados em diferentes contextos: pacientes cirúrgicos, oncológicos, desnutridos, com lesão de pressão, que, quando receberam suplementação apresentaram melhora significativa, impactando no custo total dos cuidados prestados, demonstrando que a suplementação não consiste em um gasto e sim em economia quando se refere à saúde, facilitando a desospitalização precoce e reduzindo as taxas de reinternação.
Contudo, embora tão bem embasado cientificamente, poucas são as vezes em que a suplementação é de fato efetuada. Isso se deve à fatores como o pouco conhecimento sobre o papel da suplementação, a monotonia nos sabores e ainda a falta de engajamento do paciente. Assim, é necessário deixar claro ao paciente a razão do uso do produto, seja o ganho de peso, seja o retorno às atividades diárias, além de entender as preferências do paciente quanto ao suplemento, como por exemplo, possibilitar ao paciente o uso de suplementos sem sabor que possam ser adicionados aos alimentos, ou variar as opções de sabores prontos para beber.
Estes são os desafios que aguardam os nutricionistas no Brasil e no mundo. Consensos, estudos e estratégias tem sido constituídos a fim de embasar tanto o uso da suplementação adequada como o combate à desnutrição e a alimentação e nutrição da população idosa, visando estímulo à independência para as atividades de vida diária e a melhor qualidade de vida.
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