A mudança no quadro dos problemas de saúde trouxe novas demandas para a prática médica. Quando no Brasil predominavam as doenças infectocontagiosas e agudas, um profissional sozinho podia cuidar da recuperação do paciente. Com o aumento da expectativa de vida e a explosão das doenças crônicas, o foco mudou de um atendimento centralizado no agente patogênico para um tratamento de saúde que exige mais do que soluções medicamentosas.
Desde os anos 1980, a atuação médica passa a ganhar uma nova configuração: as equipes multidisciplinares de trabalho. A integração entre profissionais de diferentes áreas da saúde possibilita um atendimento mais complexo e qualificado, uma vez que o tratamento passa a ser orientado para obtenção de um estado global de saúde. O atendimento multidisciplinar permite que todos os aspectos diagnósticos e terapêuticos sejam considerados, permitindo uma melhor evolução clínica, nutricional e metabólica dos pacientes, avalia o Dr. Odery Ramos Júnior, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Nutrição Enteral e Parenteral (SBNPE).
Nesse contexto, a terapia nutricional (TN) ganha força e reconhecimento. A legislação brasileira, através de portarias do Ministério da Saúde/Anvisa como a 272, 120 e RDC 63, garante aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) internados em hospitais devidamente credenciados o direito a esse tipo de tratamento. A terapia nutricional realizada em equipe contempla desde a triagem e avaliação nutricional, bem como o diagnóstico clínico, prescrição adequada das necessidades nutricionais diárias, monitoramento e prevenção de complicações, reduzindo a morbidade e o tempo de internamento hospitalar, explica o Dr. Odery Ramos.
Ainda na opinião do presidente da SBNPE, o crescente investimento em projetos de educação multidisciplinar continuada contribuem para a ampliação de descobertas científicas importantes para a prática clínica hospitalar. Esse desenvolvimento é reforçado por uma moderna visão executiva dos administradores hospitalares e operadores de saúde, por meio da participação em decisões técnico-administrativas e aplicação de indicadores de qualidade. Estamos agora trabalhando pela regulamentação da terapia nutricional domiciliar junto ao Ministério da Saúde e convidamos a todos para juntar-se a nós nesse grande desafio.