Desde 2000, pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) internados em hospitais devidamente credenciados têm o direito à terapia nutricional (TN), por meio das portarias do Ministério da Saúde/Anvisa 272, 120 e RDC 63. Alguns deles oferecem também a Terapia Nutricional Domiciliar (TND). É o caso do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (ICESP), do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. De acordo com Vinícius Trevisani, nutricionista do Instituto, a indicação da terapia nutricional domiciliar não visa só humanizar o atendimento do paciente, mas também melhorar e/ou manter o estado nutricional e diminuir o estresse metabólico no perioperatório. Além disso, a TND colabora para maior disponibilidade de leitos hospitalares e reduz os custos do tratamento hospitalar, uma vez que os pacientes não seriam submetidos à internação apenas para a terapia nutricional, argumenta.
O ICESP é hoje referência no tratamento de câncer na América Latina, atendendo mensalmente cerca de seis mil pacientes com a doença em todas as fases, do diagnóstico à reabilitação. Assim, o trabalho de TND foi iniciado em meados de 2008, logo após a inauguração do Instituto, e vem sendo aprimorado a cada ano. Em 2009, uma nova etapa se iniciou com a criação do (PNC), no qual, os pacientes residentes do Estado de São Paulo têm a opção de retirar as dietas alimentares na Farmácia Ambulatorial do ICESP ou mesmo receber em casa. No Instituto, os pacientes são atendidos durante a internação, orientados na alta hospitalar e acompanhados periodicamente em Ambulatório para continuidade da terapia nutricional em domicílio.
Para o profissional, este é um grande avanço da área pública, baseado em estudos que mostram a eficiência desse tipo de tratamento em relação à redução do período de internação. A humanização do atendimento, permitindo que os pacientes permaneçam no convívio familiar, é extremamente positiva, o que vai de encontro à Política de Humanização do ICESP, que diz respeito ao modo como se deve oferecer saúde, baseado em uma ética de atendimento e gestão humanizados, que guarda afinidade com os princípios do SUS, explica Trevisani. Entre outras vantagens apontadas por estudos estão a manutenção do estado nutricional e a melhora de indicadores antropométricos como, IMC e adequação do peso.