Durante os dias 12 a 15 de junho aconteceu em São Paulo a 40ª edição do Ganepão, que contou com 2960 congressistas.
Dentre os muito temas apresentados durante o congresso, destacamos a Nutrição em Oncologia, tanto no contexto da prevenção como suporte nutricional e também o tema de Terapia Nutricional.
A perda de apetite é um fator independente para o prognóstico e 70% dos pacientes possui alguma dificuldade para se alimentar, o que contribui para perda de peso, massa muscular e consequentemente para a desnutrição. A nutrição é suporte para o tratamento do paciente oncológico e onde o nutricionista deve atuar fortemente, uma vez que ter uma orientação nutricional faz o paciente ter 91% menos de chances de ter intercorrência nutricional, ou seja, faz o paciente suportar melhor o tratamento.
O impacto da caquexia no paciente oncológico contribui para falha na resposta do tratamento, redução na qualidade de vida, aumento da morbidade, sendo responsável por até 40% das mortes de câncer. A palavra chave para nutrição na caquexia é a prevenção, ou seja, evitar a perda de peso e perda de massa muscular.
No combate à desnutrição hospitalar os esforços também são para prevenção, com destaque para a alta hospitalar programada e a reinterção. O paciente pode reinternar por várias razões relacionadas ao momento de alta hospitalar: pouca informação, alta feita de maneira incompleta, muita informação oral e não escrita, exames ou diagnósticos pendentes, confusão sobre medicação. É necessário falar na linguagem que o paciente entenda. A alta deve ser programada e o paciente e familiares educados para esta nova rotina familiar.
É imprescindível definir as necessidades calóricas e proteicas, a via de administração mais adequada, monitorizar a ingestão diária, as modificações necessárias e definir a prescrição do suplemento. Em relação ao suplemento nutricional, é importante empoderar o paciente do porquê e para que o produto está entrando na alimentação dele.
Além da desnutrição e caquexia, outra tema abordado foi a sarcopenia. A sarcopenia pode estar relacionada com idade, denominada sarcopenia primária ou relacionada com inatividade, doenças crônicas, permanência na UTI e câncer, denominada sarcopenia secundária, sendo que esta pode estar presente na maior parte dos pacientes hospitalizados mesmo não sendo idosos. A sarcopenia virou uma pandemia nos pacientes críticos até 6 meses ou mesmo anos após a sua alta.
A sarcopenia pode ser encontrada em qualquer IMC, mesmo em obesos. A abordagem consiste em dieta adequada, modulação hormonal, nutrientes especiais e exercícios físicos. Em relação a dieta, deve-se atingir as recomendações proteicas, bem como micronutrientes específicos como vitamina D. Em relação a nutrientes especiais existem boas referências com uso de leucina pela ativação da via mTOR e insulina.
Por mais que o assunto perda de massa muscular e desnutrição seja discutido há muito tempo, continua sendo um problema presente e frequente nos pacientes, com dados muitas vezes subestimados pela equipe de saúde. Desta forma, prevenir a desnutrição deve ser um dos principais objetivos do profissional de saúde.