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Medicamentos via sonda: como funciona a aplicação e quais os cuidados?

27 de maio de 2024
Prodiet Medical Nutrition

Imagine este texto como uma sala de aula, onde desvendaremos os mistérios da aplicação de medicamentos por sonda, desmistificando processos e destacando cuidados essenciais. Seja você um profissional de saúde, paciente ou cuidador, este guia foi meticulosamente elaborado para atender a todos os públicos, garantindo uma compreensão profunda e baseada em sólidos fundamentos científicos.

A aplicação de medicamentos por sonda é uma prática delicada e crucial, entender seus detalhes é fundamental para garantir a segurança e eficácia do tratamento. Ao longo deste artigo, mergulharemos nas considerações técnicas, nas alternativas disponíveis e nos cuidados que demandam atenção especial.

Prepare-se para uma leitura esclarecedora que proporcionará não apenas conhecimento, mas também uma compreensão aprimorada sobre essa importante faceta da prática clínica. Aprofunde-se conosco, pois a aprendizagem é a chave para uma administração de medicamentos via sonda mais segura e eficiente. 

Leia até o final e descubra como essa prática, quando compreendida e executada corretamente, pode fazer a diferença no cuidado e na recuperação do paciente.

 

Por que dar medicamentos via sonda?

Administrar medicamentos por sonda é uma prática delicada que muitas vezes se mostra essencial no cenário clínico. Entender por que essa via de administração é adotada é crucial tanto para profissionais de saúde quanto para pacientes e cuidadores. Vamos explorar, de forma didática e embasada, as razões que levam à escolha dessa abordagem.

A sonda enteral, destinada a nutrição, é frequentemente utilizada para administrar medicamentos quando outras vias não são viáveis. A alternativa oral pode ser limitada por dificuldades de deglutição ou alterações na absorção gastrointestinal, tornando a sonda uma opção prática e eficaz.

É muito importante buscar alternativas à administração via sonda sempre que possível, considerando outras formas farmacêuticas, como injetáveis, orais líquidos, retais ou sublinguais. No entanto, quando a administração via oral não é possível, a sonda se torna uma aliada valiosa.

Além disso, medicamentos em forma líquida podem não estar disponíveis ou serem impraticáveis em determinadas situações clínicas. Nesses casos, a trituração de comprimidos, embora seja a última opção devido ao risco de entupimento da sonda, pode ser necessária.

A personalização do tratamento é fundamental, e a administração de medicamentos por sonda proporciona uma via adaptável a diversas situações clínicas. Para compreender totalmente essa prática, é essencial levar em consideração o estado clínico específico do paciente, os medicamentos prescritos e as alternativas viáveis.

Ao compreender as nuances dessa prática, tanto profissionais de saúde quanto pacientes e cuidadores podem garantir uma abordagem terapêutica mais segura e eficaz. 

 

Nutrição enteral é indicada para vários tipos de pacientes

A nutrição enteral é vital para vários tipos de pacientes, estejam eles internados em ambiente hospitalar ou não. Ela é indicada para indivíduos que não estejam recebendo a quantidade suficiente de nutrientes por meio da alimentação convencional, ou são incapazes de engolir ou tolerar o alimento pela boca. Assim, recebem a nutrição necessária via sonda, que pode ser nasogástrica, nasojejunal, sonda de gastrostomia e sonda de jejunostomia. Mas, além de nutrição, muitas vezes esses pacientes precisam receber também medicamentos pela sonda.

Aspectos farmacodinâmicos

  • Interação fármaco-nutriente
  1. a) Quando a administração do medicamento com alimentos é contraindicada na informação técnica do produto, então também não deve ser administrado junto com a dieta enteral;
  2. b) Os medicamentos, ao serem misturados com alimentos, podem alterar a biodisponibilidade de certos nutrientes e ocorrer intolerância gastrointestinais;
  3. c) O efeito terapêutico de certos medicamentos depende do rápido alcance dos altos níveis séricos. Se combinados com dietas, podem reduzir a quantidade esperada do medicamento no organismo.
  • Interação fármaco-fármaco:
  • Ocorre quando vários fármacos têm que ser administrados por sonda. Deve-se, neste casos, administrá-los separadamente.
  • Interação fármaco-sonda:
  • O medicamento pode aderir à parede da sonda e, por sua vez, reagir com a nutrição enteral e ocasionar a obstrução da sonda. Além disso, podem existir interações entre os medicamentos e as fibras de silicone ou PVC.

O que pode colocar na sonda?

Administrar medicamentos por via enteral, utilizando uma sonda, é uma prática que exige cuidados específicos para garantir a eficácia do tratamento e a segurança do paciente. Quando nos deparamos com a questão de “o que pode colocar na sonda?”, é vital compreender que nem todos os medicamentos são adequados para essa via de administração.

Quais Medicamentos são Utilizados por Via Enteral?

A escolha dos medicamentos a serem administrados por via enteral depende de diversos fatores, incluindo a condição clínica do paciente, a disponibilidade das formas farmacêuticas adequadas e a natureza do tratamento. Alguns medicamentos comumente administrados por sonda incluem:

  • Formas Líquidas ou Suspensões: Medicamentos que já estão disponíveis em forma líquida são os mais simples de administrar. No entanto, nem todos os medicamentos têm essa apresentação.
  • Comprimidos Triturados: Em alguns casos, comprimidos podem ser triturados e diluídos em água para administração pela sonda. Contudo, essa prática deve ser realizada com cautela, pois nem todos os comprimidos podem ser triturados sem perder a eficácia.
  • Cápsulas com Conteúdo Diluível: Algumas cápsulas podem ser abertas, e seu conteúdo pode ser diluído para administração pela sonda.
  • Medicamentos Específicos para Via Enteral: Em certos casos, há formulações específicas de medicamentos destinadas para administração enteral, facilitando o processo.

O que Pode Colocar na Sonda?

É crucial considerar que, além dos medicamentos, alguns cuidados são necessários para evitar complicações. O que pode ser colocado na sonda inclui:

  • Medicamentos Líquidos e Suspensões: Preferencialmente, opte por formas líquidas sempre que disponíveis.
  • Água para Lavagem: Após a administração de medicamentos, a sonda deve ser lavada com água para evitar obstruções.
  • Fórmulas Nutricionais Específicas: Em casos de nutrição enteral, são utilizadas fórmulas específicas que garantem a adequada ingestão de nutrientes.

É fundamental que essa prática seja sempre orientada e supervisionada por profissionais de saúde, pois a escolha inadequada dos medicamentos ou o manejo inadequado da sonda podem resultar em complicações sérias. Converse sempre com a equipe médica e de enfermagem para garantir que o tratamento seja seguro e eficaz.

Como evitar erros durante a técnica de preparo e administração via sonda enteral?

O processo de verificação da disponibilidade e compatibilidade de forma farmacêutica líquida para administração via sonda enteral é crucial para garantir a eficácia e segurança da terapia medicamentosa nesse contexto. Este protocolo inclui diversas etapas essenciais:

  • Verificação da Disponibilidade e Compatibilidade:
    • Avaliar a disponibilidade de medicamentos em forma líquida para administração via sonda enteral no mercado.
    • Garantir que esses medicamentos estejam em conformidade com as diretrizes farmacêuticas para essa via de administração.
  • Avaliação das Prescrições:
    • Analisar as prescrições para identificar medicamentos destinados à administração via sonda enteral.
    • Considerar a compatibilidade desses medicamentos com a via e técnica de preparo, avaliando potenciais interações com a nutrição enteral.
    • Avaliar o risco de reações adversas gastrointestinais ou efeitos sub-terapêuticos decorrentes da administração enteral.
  • Verificação na Dispensação:
    • Confirmar se os medicamentos prescritos estão disponíveis em forma líquida e adequados para administração via sonda enteral.
    • Verificar se há instruções específicas de preparo para atender às necessidades da administração enteral.
  • Compatibilidade com Trituração:
    • Avaliar se os medicamentos prescritos e dispensados são compatíveis com a trituração, quando necessário para administração via sonda enteral.
    • Adotar medidas para garantir a eficácia do medicamento após o processo de trituração.
  • Identificação dos Medicamentos Não Trituráveis:
    • Observar atentamente a identificação dos medicamentos que não devem ser triturados, evitando procedimentos inadequados.

Esse protocolo visa assegurar que o paciente receba a terapia medicamentosa de maneira eficiente, minimizando riscos e garantindo a integridade do tratamento via sonda enteral.

Protocolo para administração de medicamentos em pacientes com sonda nasogástrica

O protocolo proposto por *Serumbia (2000), trouxe sugestões para minimizar a interação fármaco-nutriente, lembrando que, quando o paciente for capaz de tomar medicamento por via oral, deve-se fazer desta forma. Para diminuir a probabilidade da interação da nutrição enteral com medicamentos em pacientes sondados, deve-se proceder do seguinte modo:

  • Lavar a sonda com 50ml de água filtrada ou fervida morna, antes e depois da medicação;
  • Preferir fórmulas líquidas do medicamento. Caso não exista, consultar o farmacêutico sobre outras possibilidades.
  • Evitar administrar medicamentos com a nutrição enteral. Se não for possível, observar a preparação com cuidado para detectar eventuais precipitações, formação de creme ou floculação;
  • Antes de pulverizar os comprimidos ou abrir as cápsulas, consulte a ficha técnica do medicamento ou farmacêutico;
  • Cada medicamento deve ser administrado separadamente. Lavar a sonda com pelo menos 5 ml de água entre cada administração;
  • Fármacos hipertônicos ou irritantes da mucosa gástrica devem ser diluídos com, pelo menos, 30 ml de água para evitar diarreia ou irritação. Grandes volumes devem ser administrados fracionados;
  • Considerar o uso de medicamentos na forma injetável.

Além disso, a publicação também apresenta uma ficha de medicamentos com informações técnicas individualizadas por droga – em ordem alfabética -, para o uso correto na administração por sonda e que exigem diluição ou reconstituição prévia para uso. Desta forma, o livro “Orientações para uso de medicamentos por sonda” (editora Atheneu, 2012), das autoras e farmacêuticas Janete Lane Amadei e Cláudia Pereira Estéfani, constitui-se como um importante guia para profissionais da área.

Conclusão

Concluímos nosso guia rápido sobre a administração de medicamentos via sonda, proporcionando insights valiosos sobre os cuidados necessários e os tipos de medicamentos que podem ser utilizados nessa prática. Lembramos sempre da importância de contar com a orientação e supervisão de profissionais de saúde para garantir a segurança e eficácia desse procedimento.

Para aprofundar ainda mais seu conhecimento, recomendamos a leitura das “Recomendações para administração de medicamentos via sonda” do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados.

Outra fonte valiosa é o artigo “Administração de fármacos por sonda nasogástrica” da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva, que traz uma visão clínica sobre o tema.

Para uma abordagem mais detalhada, o livro “Orientações para uso de medicamentos por sonda” (Editora Atheneu, 2012) é uma fonte confiável que pode enriquecer ainda mais sua compreensão sobre o assunto.

Continue no blog Prodiet para aprimorar seu conhecimento e oferecer um cuidado cada vez mais qualificado e seguro aos pacientes que necessitam de administração de medicamentos via sonda.

*Serumbia AMB. Administração de fármacos por sonda nasogástrica Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva. 2000:9(1). Disponível em: <ftp://ftp.spic.org/revista/Portugues/rev91/gastrica.pdf>

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