O controle glicêmico é o desejo de todos aqueles que convivem com o diabetes, doença crônica causada pela falta ou má absorção da insulina. Isso porque o descontrole glicêmico, caracterizado pela hiperglicemia, pode causar complicações cardíacas, renais, cutâneas, dentárias, na visão e também na gravidez.
Apesar da gravidade, só quem convive com a condição sabe a dificuldade que pode ser seguir as orientações médicas. Mas e se o profissional do outro lado da mesa pudesse sentir na pele esse desafio? Esse é o caso da nutricionista Alessandra Fritzen, que é diabética tipo 1 há 23 anos, além de pós-graduada em nutrição esportiva, clínica e integrativa. O Blog Nutrição e Saúde conversou com ela sobre o tema, confira a entrevista:
- Como é a sua relação com o diabetes? Ela ajuda ou atrapalha na hora da consulta com um paciente com a mesma condição?
Hoje eu aceito e lido super bem com ela, mas quando descobri tive muitos momentos ruins até conseguir realmente conhecer o meu corpo e conseguir adequar o medicamento e a alimentação.
Acredito que ter diabetes me ajuda, porque consigo me conectar muito mais com o paciente, já que a prática muitas vezes é diferente da teoria, e juntando a prática com a teoria fica mais fácil.
- Quais são os principais desafios do diabético?
O principal desafio é aceitar a doença quando é feito o diagnóstico e, a partir disso, incorporar a necessidade de uma adaptação do plano alimentar e de inserção dos medicamentos no dia a dia.
- Quais são os riscos e complicações do descontrole glicêmico?
O descontrole pode causar problemas renais, doenças cardíacas, cegueira, demência entre outras milhares de doenças. Pacientes que demoram para aceitar e aderir ao tratamento têm riscos aumentados para essas doenças, pois demoram para atingir o controle glicêmico. Níveis elevados de açúcar no sangue, por longos períodos, podem potencializar essas complicações e levar até mesmo a amputações de membros.
- Além do controle glicêmico, quais outros indicadores os diabéticos devem monitorar?
É necessário monitorar também o controle de peso, pois a presença de obesidade pode favorecer a resistência à insulina e, com isso, uma mudança brusca nos níveis glicêmicos, além de favorecer outras comorbidades relacionadas à síndrome metabólica.
- O que preferir e evitar na alimentação?
Preferir alimentos frescos, in natura e que tenham um bom aporte de fibras. Manter o intestino em bom funcionamento é fundamental, pois a microbiota intestinal está totalmente ligada no controle glicêmico do paciente diabético.
Evitar alimentos processados, com tabela de ingredientes extensa, com conservantes e açúcares refinados.
- Por onde começar e o que não pode faltar no tratamento do diabetes?
É importante começar pela alimentação, que é primordial para todos os tipos de Diabetes. No Diabetes Mellitus, a contagem de carboidratos é muito relevante para alcançar o controle da glicose, pois neste caso o paciente consegue ter uma flexibilidade maior com a alimentação, por tomar o hormônio insulina.
No tratamento é indispensável o conjunto da alimentação, atividade física e medicamento!
- Muitas pessoas buscam alternativas caseiras para o controle da diabetes, é seguro?
Quem nunca tomou um chá da avó, que promete curar doenças? Sim, esta procura realmente é comum e pode ajudar a baixar os níveis glicêmicos. Mas é necessário atenção para quem usa medicamentos, já que misturados podem levar a hipoglicemias severas, com risco até mesmo de óbito.
- A pandemia afetou o tratamento das pessoas com diabetes? Por quê?
Acredito que sim, pois para um paciente em descontrole da doença, qualquer infeção, sendo bacteriana ou viral, irá se comportar de uma forma diferente, podendo ser leve ou severa. Por isso, o reforço de sempre é procurar manter os níveis de glicemia dentro do gráfico proposto pelo médico e pelo nutricionista.
- Qual a sua opinião sobre o uso de suplementos especializados no dia a dia de um paciente diabético?
Acho uma estratégia interessante, capaz de facilitar muito a vida do paciente, além de ajudar a melhorar as taxas glicêmicas. O uso vai depender da necessidade de cada paciente.
E você, como tem feito o seu tratamento? Está mais fácil o difícil de seguir durante a pandemia? Deixe seu comentário!