As feridas diabéticas, especialmente as úlceras nos pés, são complicações frequentes e graves do diabetes mellitus. No Brasil, estima-se que aproximadamente 43.726 indivíduos com diabetes desenvolvam úlceras nos pés, condição que pode levar a infecções severas e até amputações.
A nutrição desempenha um papel crucial na cicatrização dessas feridas, auxiliando na recuperação e prevenindo complicações futuras. Uma alimentação equilibrada, rica em proteínas, vitaminas e minerais, é fundamental para fortalecer o sistema imunológico e promover a regeneração dos tecidos.
O controle rigoroso dos níveis de glicemia, por meio de uma dieta adequada, é essencial para evitar o agravamento das lesões e favorecer a cicatrização.
Compreender a importância da nutrição no manejo das feridas diabéticas é vital para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir os riscos associados a essas complicações.
Continue lendo para descobrir como uma alimentação adequada pode ser sua aliada na prevenção e tratamento das feridas diabéticas!
Por que diabéticos desenvolvem feridas nos pés?
Diabéticos desenvolvem feridas nos pés devido a uma combinação de fatores associados às complicações crônicas do diabetes, como a neuropatia periférica, a má circulação sanguínea e a vulnerabilidade a infecções.
A neuropatia periférica, uma condição em que os nervos periféricos são danificados devido aos níveis elevados de glicose no sangue, reduz ou elimina a sensibilidade nos pés. Isso faz com que pequenos machucados, cortes ou bolhas passem despercebidos, já que a dor, que normalmente serviria como um sinal de alerta, é ausente.
Outro fator é a má circulação, especialmente em casos de doença arterial periférica. O fluxo sanguíneo reduzido nos membros inferiores dificulta o transporte de oxigênio e nutrientes essenciais para a cicatrização, fazendo com que até feridas pequenas demorem mais para se curar ou fiquem expostas a infecções.
Os altos níveis de glicose no sangue comprometem a função do sistema imunológico, dificultando a resposta do organismo a infecções e aumentando o risco de complicações graves, como úlceras profundas e gangrena.
Essa combinação de perda de sensibilidade, cicatrização lenta e maior risco de infecções torna os pés diabéticos extremamente vulneráveis. É por isso que o cuidado com os pés, o controle rigoroso da glicemia e uma alimentação adequada, rica em nutrientes essenciais, são indispensáveis para prevenir essas complicações.
O que são feridas diabéticas?
Feridas diabéticas, são lesões que ocorrem principalmente devido a complicações como neuropatia (dano nos nervos) e má circulação sanguínea, essas feridas surgem e têm dificuldade para cicatrizar.
Além disso, a circulação deficiente impede o fornecimento adequado de oxigênio e nutrientes às células, dificultando a cicatrização e aumentando o risco de infecções.
Sem tratamento adequado, essas feridas podem levar a complicações sérias, incluindo amputações.
Quais são os tipos de feridas diabéticas?
As feridas diabéticas podem ser classificadas em três tipos principais: neuropáticas, vasculares e mistas. Essa classificação auxilia no diagnóstico e direciona o tratamento mais adequado para cada caso.
Neuropáticas
As feridas neuropáticas resultam da neuropatia periférica, uma condição comum em diabéticos que causa perda de sensibilidade nos pés. Sem sentir dor ou desconforto, o paciente pode não perceber lesões causadas por calçados inadequados, objetos no sapato ou traumas ao andar descalço.
Essas lesões, não identificadas precocemente, podem evoluir para úlceras profundas. As úlceras neuropáticas geralmente têm bordas calosas e estão localizadas em áreas de pressão, como a planta dos pés.
Vasculares
As feridas vasculares ocorrem devido a problemas na circulação arterial, frequentemente associados à doença vascular periférica.
Nesses casos, o fluxo sanguíneo reduzido impede a entrega adequada de oxigênio e nutrientes aos tecidos, comprometendo a cicatrização. Os pés podem apresentar coloração pálida, estar frios ao toque e com pulsos diminuídos ou ausentes.
A pele tende a ficar fina, brilhante e sem pelos. Em situações mais graves, pode ocorrer necrose dos tecidos, levando a infecções e, eventualmente, à necessidade de amputação.
Mistas
As feridas mistas apresentam características tanto neuropáticas quanto vasculares. Nesses casos, o paciente sofre simultaneamente de neuropatia periférica e doença vascular periférica, tornando o tratamento mais complexo.
A presença combinada de perda de sensibilidade e má circulação aumenta significativamente o risco de complicações, exigindo uma abordagem multidisciplinar para o manejo eficaz dessas lesões.
Quais são os sintomas do pé diabético?
Os sintomas do pé diabético variam desde alterações sensoriais até lesões mais graves. Reconhecer esses sintomas é crucial para a detecção precoce e o tratamento eficaz do pé diabético.
Se você ou alguém que conhece apresenta os sinais abaixo, é fundamental procurar orientação médica para avaliação e cuidados apropriados:
- Sensação de formigamento e dormência
Muitos diabéticos relatam uma sensação de formigamento ou dormência nos pés, semelhante a “alfinetes e agulhas”. Isso ocorre devido à neuropatia diabética, que danifica os nervos periféricos, afetando a sensibilidade.
- Perda da sensibilidade, principalmente na sola dos pés
A neuropatia pode levar à perda parcial ou total da sensibilidade nos pés, especialmente na sola. Isso significa que pequenas lesões ou objetos estranhos podem passar despercebidos, aumentando o risco de feridas e infecções.
- Sensação de agulhadas nos dedos
Alguns pacientes experimentam sensações dolorosas descritas como “agulhadas” nos dedos dos pés. Essas sensações podem ser intermitentes ou constantes e são indicativas de danos nos nervos.
- Queimação tanto nos pés como nos tornozelos
A sensação de queimação nos pés e tornozelos é outro sintoma comum da neuropatia diabética. Essa queimação pode ser mais intensa à noite, interferindo no sono e na qualidade de vida.
- Fraqueza e cansaço nas pernas
A fraqueza muscular e o cansaço nas pernas podem dificultar a mobilidade e aumentar o risco de quedas. Esses sintomas resultam tanto da neuropatia quanto da má circulação sanguínea associada ao diabetes.
- Rachaduras nos calcanhares
A pele dos pés de diabéticos tende a ser mais seca, levando ao aparecimento de rachaduras nos calcanhares. Essas fissuras podem servir de porta de entrada para infecções, agravando o quadro clínico.
- Surgimento de micoses frequentes, principalmente entre os dedos
A umidade acumulada entre os dedos, aliada à imunidade comprometida, torna os diabéticos mais suscetíveis a infecções fúngicas (micoses) nessa região. Essas infecções podem causar coceira, vermelhidão e descamação da pele.
- Dores constantes nos pés
Dores nos pés, que podem variar de leves a intensas, são comuns em indivíduos com pé diabético. Essas dores podem ser decorrentes de úlceras, infecções ou deformidades ósseas.
- As pontas dos dedos ficam arroxeadas
A má circulação sanguínea pode levar à coloração arroxeada nas pontas dos dedos dos pés, indicando falta de oxigenação adequada nos tecidos. Esse sintoma requer atenção imediata para evitar necrose e possíveis amputações.
Por que existem feridas no pé que não cicatrizam?
Como falamos anteriormente, feridas nos pés que não cicatrizam, especialmente em pessoas com diabetes, resultam de fatores como má circulação sanguínea, danos nos nervos (neuropatia) e níveis elevados de glicose no sangue.
A circulação deficiente impede que oxigênio e nutrientes essenciais cheguem à ferida, retardando a cicatrização. A neuropatia reduz a sensibilidade nos pés, fazendo com que pequenos ferimentos passem despercebidos e se agravem.
Além disso, a hiperglicemia constante compromete o sistema imunológico, dificultando o combate a infecções e a regeneração dos tecidos.
Como evitar feridas diabéticas?
Prevenir feridas nos pés é essencial para pessoas com diabetes, pois essas lesões podem levar a complicações graves. Adotar medidas preventivas diárias é fundamental para manter a saúde.
Higienização dos pés
Lave os pés diariamente com água morna e sabão neutro, secando bem, especialmente entre os dedos, para evitar infecções. Evite água muito quente para não causar queimaduras, já que a sensibilidade pode estar reduzida.
Sapatos adequados e calçados especiais
Use calçados confortáveis, que não apertem ou causem atrito. Evite sapatos de salto alto ou bico fino. Calçados especiais podem ser indicados para distribuir melhor a pressão nos pés e prevenir lesões.
Cuidado com as unhas
Corte as unhas retas e não muito curtas para evitar encravamentos. Se necessário, procure um profissional especializado para auxiliar no corte adequado.
Controle glicêmico
Manter os níveis de glicose no sangue dentro dos limites recomendados é crucial para prevenir complicações, incluindo feridas nos pés. O controle glicêmico adequado melhora a circulação e a função nervosa.
Alimentação equilibrada
Uma dieta balanceada, rica em nutrientes, auxilia no controle da glicemia e fortalece o sistema imunológico, contribuindo para a prevenção de feridas e promovendo a saúde geral dos pés.
Feridas diabéticas: qual é o tratamento?
O tratamento de feridas diabéticas requer uma abordagem multidisciplinar para promover a cicatrização e prevenir complicações.
Isso inclui diagnóstico preciso, cuidados tópicos adequados, controle rigoroso das condições subjacentes, terapias complementares e suporte nutricional específico.
Diagnóstico correto
Identificar a origem da ferida é fundamental. As úlceras podem ser neuropáticas, isquêmicas ou mistas, e cada tipo demanda estratégias de tratamento específicas. Uma avaliação médica detalhada determina o melhor curso de ação.
Terapia tópica adequada
A limpeza cuidadosa da ferida com soluções apropriadas e a aplicação de curativos que mantenham um ambiente úmido favorecem a cicatrização. A remoção de tecidos mortos (desbridamento) é essencial para evitar infecções e promover a regeneração tecidual.
Controle das doenças de base
Manter os níveis de glicose no sangue sob controle é crucial, pois a hiperglicemia prejudica a cicatrização. Além disso, controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol contribui para a saúde vascular, melhorando a circulação e facilitando a recuperação das feridas.
Terapias adjuvantes
Terapias complementares, como laserterapia, ozonioterapia e oxigenoterapia hiperbárica, podem acelerar a cicatrização. Essas técnicas auxiliam na formação de novos vasos sanguíneos, reduzem infecções e estimulam a regeneração dos tecidos.
Alimentação enriquecida com nutrientes
Uma nutrição adequada é vital para a cicatrização de feridas, especialmente no caso das feridas diabéticas.
Nutrientes específicos desempenham papeis importantes na regeneração tecidual. Peptídeos bioativos de colágeno auxiliam na formação e reparação da pele; L-arginina estimula a produção de óxido nítrico, melhorando o fluxo sanguíneo; zinco e selênio fortalecem o sistema imunológico e promovem a recuperação celular; enquanto as vitaminas A, C e E oferecem suporte antioxidante e favorecem a cicatrização.
O suplemento CorrectMax, por exemplo, contém esses componentes em sua formulação, oferecendo suporte nutricional especializado para pacientes com feridas agudas ou crônicas.
Para aprofundar o conhecimento sobre o papel da nutrição no manejo de feridas complexas, recomendamos o material técnico e científico da iniciativa da Prodiet Science. Desenvolvido em parceria com os especialistas Dr. Marcelo Mendes e Dra. Camila Mendonça, esse material apresenta estratégias baseadas em evidências, explorando como a integração entre cuidados de enfermagem e suplementação nutricional pode otimizar o processo de cicatrização.
Com casos clínicos detalhados e insights práticos, é uma leitura indispensável para profissionais que desejam aliar ciência, tecnologia e nutrição na prática clínica. Descubra mais e potencialize sua atuação!

Dr. Marcelo Mendes
Dr Marcelo Mendes Enfermeiro Dermatológico | Estomaterapeuta | PHD | Presidente da SOBENFEE
Referências
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PRODIET SCIENCE. CorrectMax: suporte nutricional especializado. 2024. Disponível em: https://prodietscience.com/produto/correctmax. Acesso em: 18 dez. 2024.
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