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Doença de Alzheimer: é possível prevenir?

Uma publicação do The Lancet (2017) nos traz um compilado de estudos com informações importantíssimas a respeito da prevenção, intervenção e cuidados nos casos de demência – condição que muito tem a ver com a Doença de Alzheimer.

Uma das evidências impactantes é: mais de um terço dos casos de demência pode ser prevenível. Esta afirmação leva em conta diversos estudos e tem como base alguns princípios muito importantes, os quais discutiremos agora.

Um dos princípios é a educação. Aqueles que tem menor grau de instrução, ou seja, que não realizaram o segundo grau, foram aqueles que apresentaram maior vulnerabilidade ao declínio cognitivo. Isto está associado a um fator muito importante: a reserva cognitiva.

A reserva cognitiva age da seguinte maneira: todos os pensamentos, hábitos e atividades dependem de sinapses. As sinapses geralmente acontecem por um caminho neuronal. Todas as vezes que desenvolvemos novos hábitos e novas atividades, novas rotas neuronais são desenvolvidas. O aumento da reserva cognitiva acontece todas as vezes que desenvolvemos novas habilidades, tendo possibilidades de várias rotas neuronais. Assim, a reserva cognitiva age por meio de vias neuronais alternativas, permitindo que, mesmo na demência, os sintomas sejam menores e a memória seja preservada.

A perda auditiva também é um dos fatores de risco à demência, não estando esclarecido ainda o mecanismo entre a perda auditiva e o declínio cognitivo. Contudo, há teorias de que a perda auditiva contribua com a progressão da demência devido à impossibilidade de comunicação adequada, que provoca isolamento social e comportamento depressivo, sendo esse o fator responsável pelo comprometimento cognitivo.

Além desses fatores, a prática de exercícios físicos vem sendo largamente estudada. Adultos que se exercitam parecem manter a cognição em comparação aos que não se exercitam. O exercício tem efeito protetor contra o declínio cognitivo, envolvendo o aumento da neurogênese, maior fluxo sanguíneo cerebral e maior concentração de BDNF (do inglês: Brain-derived Neurotrophic Factor) – fator indispensável para a formação de novas células cerebrais. Um estudo apontou que a prática de caminhada, 3 x por semana, durante 40 minutos em 1 ano, aumentou o tamanho do hipocampo e melhorou a memória em adultos saudáveis entre 55 e 80 anos.

Além da prática de atividade física, a alimentação também se configura como um dos princípios importantes na prevenção. Muitos estudos têm sido desenvolvidos, e os desfechos nos apontam: a dieta mediterrânea exerce função protetora.  Aqueles que consumiram uma dieta com as características da dieta mediterrânea apresentaram melhores resultados cognitivos quando comparados aos que não consumiram.

A Doença de Alzheimer é uma doença que tem início décadas antes da sua instalação propriamente dita. Há evidências de que essas medidas precoces de prevenção (aumento do nível educacional, aumento na atividade física, melhor padrão dietético, engajamento social, redução do hábito de fumar, tratamento da hipertensão, diabetes e melhorias para audição) são importantes para evitar o comprometimento cognitivo a longo prazo, além de contribuir para outros benefícios à saúde.

Quer ver o artigo na íntegra? Deixamos a referência abaixo:

Livingston, G et al. Dementia prevention, intervention, and care. The Lancet Commissions. Lancet 2017; 390:2673-734. Published Online. July 20, 2017. doi: 10.1016/S0140-6736(17)31363-6

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