Ainda que não seja exclusivo da terceira idade, é durante o processo de envelhecimento que se torna comum o surgimento da dificuldade de engolir alimentos líquidos ou sólidos, levando a engasgos frequentes, tosse, problemas de mastigação e lentidão na hora das refeições.
Essas complicações, conhecidas clinicamente como disfagia, podem evoluir lentamente ao longo dos anos e serem causadas por uma série de condições, como distrofias musculares, perda de dentição, próteses dentárias mal adaptadas, cânceres, doenças neurológicas como derrames (AVCs) e doenças degenerativas como o Mal de Alzheimer e o Mal de Parkinson.
Como consequência, elevam o risco desses indivíduos enfrentarem a subnutrição e a desnutrição, ainda mais perigosas para aqueles que já apresentam doenças crônicas.
A solução para a disfagia é muitas vezes a prescrição de dietas com modificação de consistência. Isso para evitar a broncoaspiração e garantir a segurança e facilidade na hora do consumo. Entretanto, a modificação da textura, da apresentação e do sabor das refeições também prejudica a correta nutrição, levando à diminuição de apetite e desinteresse pelos alimentos.
Foi pensando nesse problema que uma fonoaudióloga e uma nutricionista se uniram para criar a FONUTRY, que promove soluções e práticas alimentares seguras, nutritivas, saborosas e apetitosas para pacientes com comprometimento na deglutição. Confira a entrevista com as profissionais.
1) Vocês podem se apresentar, contando um pouco da formação e experiência profissional de cada uma?
Karin Nascimento: sou fonoaudióloga há quinze anos e especialista em Fonoaudiologia Hospitalar e Gerontologia. Tenho experiência em atendimento clínico, domiciliar e em Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI). Também sou palestrante voluntária da ABRAZ-PE e uma das fundadoras da FONUTRY.
Márcia Rodrigues: sou nutricionista há cinco anos e especialista em Nutrição Clínica e Gerontologia. Tenho experiência como preceptora de estágios curriculares em nutrição, atendimento clínico, domiciliar e em Instituições de Longa Permanência para Idosos. E junto com a Karin, sou fundadora da FONUTRY.
2) Como surgiu a ideia de aliar a Nutrição à Fonoaudiologia? Onde essas duas áreas se encontram?
Elas se encontram no suporte ao processo de envelhecimento, que é multifatorial e pode ocasionar alterações nos órgãos dos sentidos, na musculatura orofacial e laríngea, provocando limitações funcionais e físicas, interferindo na alimentação e interação social do idoso.
Logo, é fundamental o acompanhamento fonoaudiológico e nutricional para prevenir e controlar síndromes geriátricas, sintomas ou patologias comuns na fase idosa, como também reabilitar quando necessário.
Dentre as atribuições do nutricionista e do fonoaudiólogo estão:
Nutricionista:
- Observar a presença de engasgos e tosse durante a alimentação e comunicar ao fonoaudiólogo.
- Promover uma alimentação segura, saborosa e com boa apresentação
Fonoaudióloga:
- Prevenir, diagnosticar e tratar as alterações na mastigação e deglutição, proporcionando alimentação segura e prevenindo quadro de broncoaspiração.
3) Qual o objetivo da FONUTRY? Contem-nos um pouco sobre o projeto.
A FONUTRY nasce para oferecer opções de melhores apresentação dos pratos para idosos e pacientes com necessidades alimentares específicas, promovendo aceitabilidade, priorizando sabor, segurança e valor nutricional.
O projeto foi idealizado na intenção de promover uma melhor apresentação dos pratos para idosos de ILPI e pacientes domiciliares, favorecendo a aceitabilidade, priorizando sabor, segurança e valor nutricional. Inicialmente, a preocupação era a oferta da dieta pastosa cremosa na consistência correta, porque isso sempre é tema de treinamentos para equipe da cozinha e cuidadores da instituição.
Uma oferta de dieta em consistência inadequada pode comprometer a deglutição do paciente, aumentando as chances de engasgos, tosse e broncoaspiração. Pode ocorrer de forma silenciosa e aos poucos, provocar pneumonias aspirativas e em estados mais graves, o óbito. Por isso, nossa atenção, além de ensinar o preparo de uma alimentação/consistência para as colaboradoras da cozinha e cuidadores formais e informais, também visa uma apresentação mais bonita e variada contribuindo para o bem-estar e qualidade de vida do paciente.
Fomos nos inspirando em técnicas utilizadas no exterior para elaborar os pratos adaptados e utilizamos bicos de confeiteiro para as preparações. No início tivemos algumas dificuldades na hora do preparo, mas aos poucos fomos nos aperfeiçoando e adequando a técnica à consistência correta para cada caso individualizado.
4) Para que serve o espessante alimentar? Como incorporá-lo às preparações?
É de suma importância que após a avaliação fonoaudiológica, o fonoaudiólogo indique a consistência alimentar adequada para manter uma dieta segura ao paciente. Nos quadros de disfagia (dificuldade na deglutição), faz-se necessário a adaptação da dieta e a indicação do uso de espessante alimentar para evitar complicações respiratórias e manter uma dieta por via oral segura.
Utiliza-se o espessante para engrossar os líquidos finos, pois o paciente disfágico apresenta dificuldade para deglutir a consistência líquida. Então, o fonoaudiólogo prescreve a quantidade que será utilizada para cada paciente. Por isso, utilizamos o espessante Instant Clear na finalização das preparações para atingir a consistência correta e segura para cada quadro específico.
5) Qual a importância da apresentação dos pratos para idosos ou pessoas que precisam de uma alimentação específica?
Melhor aceitação alimentar, aporte calórico adequado, prevenção de broncoaspiração e promover bem-estar e qualidade de vida
6) Se vocês tivessem que dar uma dica sobre a alimentação de pessoas idosas, qual seria e por quê?
Promover uma alimentação bonita, colorida, saborosa, com textura adequada e os alimentos separados por cores, servidos em prato branco para melhor visibilidade da preparação.
SAIBA MAIS SOBRE O INSTANT CLEAR
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