Um estudo publicado no The American Journal of Clinical Nutrition apresentou dados sobre desnutrição em mais de meio milhão de pacientes internados. Um em cada 7 pacientes foi classificado como desnutrido, os quais passam cerca de 1,4 dias internados a mais do que pacientes sem risco. As especialidades médicas com maior porcentagem de desnutridos, foram geriatria (38%), oncologia (33%), gastroenterologia (27%), e medicina interna (27%), especialidade que avalia o doente adulto no seu todo.
Segundo a médica Maria Isabel T. D. Correia, Doutora em Cirurgia do Aparelho Digestivo e Coordenadora do Grupo de Nutrição do Instituto Alfa da UFMG: Pacientes inicialmente desnutridos têm o quadro agravado durante a internação, além do aumento da morbimortalidade. A desnutrição também se associa com o maior tempo de internação, sendo a intervenção nutricional um fator favorável para a recuperação do quadro.
O estudo foi realizado em 2 universidades, 3 hospitais-escola, e 8 hospitais gerais. Foram incluídos 564.063 pacientes, 48% do sexo masculino e 52% do sexo feminino, com idades entre 18 e 62 anos, internados por pelo menos um dia. Entre 2007 e 2014, foram extraídos dos prontuários dos hospitais dados como idade, tempo de internação, sexo e pontuação de duas ferramentas de triagem nutricional: Mini Avaliação Nutricional (MAN) e Malnutrition Universal Screening Tool (MUST). Dos 419.086 pacientes rastreados pela MAN, 13,7%apresentaram risco para desnutrição e dos 144.977 dos pacientes rastreados pela MUST 14,9% apresentaram o mesmo risco.
Os pacientes que apresentaram risco nutricional na triagem, tiveram tempo de internação (6,8 dias) maior do que os pacientes que não apresentavam risco (4 dias). A análise de regressão demonstrou que a pontuação positiva para risco nutricional das duas ferramentas (MAN e MUST) foram significativamente associadas com o tempo de internação [MAN: 1,43 dias (IC 95%: 1,42, 1,44 dias); MUST: 1,47 dias (IC 95%: 1.45, 1.49 dias).
A nutricionista e professora de Nutrição e Metabolismo da Universidade de São Paulo, Rosa Wanda Diez Garcia, aponta que as mudanças alimentares, bem como a alteração de hábitos e horários são fatores que desencadeiam a desnutrição hospitalar. Entretanto, a adaptação ao cardápio do hospital, o ambiente de refeição e as emoções envolvidas na satisfação do paciente podem melhorar a aceitação alimentar. Segundo Dra. Maria Isabel, a dieta hospitalar além de garantir o aporte de nutrientes ao paciente internado, desempenha um papel relevante durante a internação, podendo atenuar o sofrimento gerado por esse período em que o paciente encontra-se impossibilitado de realizar algumas de suas atividades.
Para a Dra., o ideal para prevenir a desnutrição seria conscientizar os profissionais da saúde quanto aos aspectos nutricionais, tornar a avaliação nutricional uma atividade de rotina hospitalar e tornar real a cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) dos custos provenientes de avaliação nutricional, assim como dos materiais e equipamentos necessários à aplicação de terapias oral, enteral e parenteral.
Estudos como esse contribuem para mostrar a importância do acompanhamento nutricional e a interferência da alimentação para a promoção da recuperação da saúde dos pacientes, melhorando o prognóstico e diminuindo o tempo de internação dos mesmos.
Referências: Nutritotal
Artigo Prevalência de Desnutrição em Pacientes Internados em um Hospital Geral