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Cirurgia bariátrica: orientação nutricional

Mais da metade dos homens brasileiros está com sobrepeso e 12,4% obesos. Entre as mulheres, os números são 48% e 19,6%, respectivamente, segundo dados da última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo IBGE. Má alimentação e sedentarismo são os principais responsáveis pelos altos índices que, cada vez mais, têm se tornado um problema de saúde pública.

Exercícios físicos e reeducação alimentar são as primeiras recomendações de especialistas para reverter quadros de sobrepeso, com exceção aos casos de obesidade mórbida, que requerem intervenção cirúrgica. Os procedimentos bariátricos ou metabólicos têm se tornado uma alternativa eficiente e cada vez mais acessível para recuperação da saúde de indivíduos nessa condição.

Em qualquer tratamento prescrito pelos médicos, a participação do profissional de Nutrição é fundamental para a cura da obesidade. O nutricionista é responsável por orientar o paciente no processo de reeducação alimentar que o ajudará não apenas a perder peso, mas também a mantê-lo em níveis adequados por toda a vida.

A nutricionista clínica Juliana de Aguiar Pastore Silva* falou ao Blog Prodiet sobre os aspectos nutricionais que reduzem os riscos para os pacientes bariátricos:

BP: Como acontece a reeducação alimentar de pacientes operados? Trata-se de uma dieta especial temporária ou é necessária uma mudança permanente nos hábitos alimentares?
Juliana: O nutricionista tem papel fundamental no acompanhamento do paciente rumo à cura da obesidade. A orientação nutricional começa no pré-operatório a fim de reduzir o risco de complicações. No pós-operatório as orientações seguem a fim de realizar a transição gradual de consistência da dieta. Parte-se de dieta líquida sem resíduos em pequeno volume, passando pela pastosa e, finalmente, sua transição definitiva para a alimentação de consistência normal. É necessário muita mastigação, seleção adequada de alimentos, dissociação de líquidos nas refeições, adequado aporte de proteína e controle de gordura e açúcares.
Na reeducação alimentar objetiva-se uma mudança permanente de hábito alimentar, com mudança de estilo de vida associado. O paciente deverá abandonar hábitos nocivos, aprender a comer pouco e bem, várias vezes ao dia, e optar por alimentos pouco calóricos e com alto teor vitamínico. O paciente não está proibido de consumir doces, refrigerantes ou outras guloseimas de vez em quando, porém esses alimentos devem ter consumo eventual e em quantidade controlada.

BP: A terapia nutricional pós-cirurgia depende do tipo de procedimento que foi realizado?
Juliana: Sim. Para compreender as potenciais deficiências nutricionais após a cirurgia deve-se conhecer as implicações de cada procedimento de cirurgia bariátrica no estado nutricional do paciente. Parte-se do entendimento das alterações anatômicas e fisiológicas de cada procedimento, identificando as vias de absorção e/ou ingestão alimentar prejudicadas para definir a terapia nutricional. Deve-se atentar ao teor de restrição e má absorção alimentar de cada técnica.

BP: Qual a importância da suplementação nutricional no pós-operatório?
Juliana: A suplementação permite a adequação das necessidades de micronutrientes, prevenindo as deficiências de vitaminas e minerais; é importante para a saúde e para o sucesso na manutenção e na perda de peso em longo prazo. De forma preventiva, deve-se orientar o uso de polivitamínicos/minerais a todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, principalmente daqueles submetidos às técnicas que envolvem algum grau de disabsorção.

BP: Sabe-se que em alguns pacientes a cirurgia afeta certas funções metabólicas e hormonais, como a absorção de determinados nutrientes (ex. ferro). Isso é normal? Que mudanças são mais comuns no paciente operado?
Juliana: Sim, as principais alterações fisiológicas são a redução da capacidade gástrica, que implica em menor ingestão de micronutrientes, e a exclusão da passagem do alimento pelo estômago e intestino, o que leva à redução da superfície de contato para absorção e limita a produção de fatores necessários para absorção de nutrientes como o fator intrínseco e enzimas digestivas. Os micronutrientes possuem funções metabólicas estabelecidas, pois participam como fatores e cofatores em muitos processos biológicos, incluindo a regulação do apetite, da fome, da taxa metabólica, do metabolismo de lipídios e carboidratos, das funções das glândulas tireoide e suprarrenais, do armazenamento de energia, entre outros. Então as funções metabólicas podem ser alteradas de acordo com a deficiência do micronutriente específico. No bypass gástrico em Y-de-Roux (BGYR), por exemplo, há maior prevalência de deficiência de vitamina B12, ferro e ácido fólico. É importante manter a monitorização em longo prazo dos níveis de micronutrientes através de exames de sangue, pois os sinais clínicos nem sempre são conclusivos e muitas vezes aparecem em fases tardias da deficiência.

*Juliana de Aguiar Pastore Silva é nutricionista, Mestre em Nutrição pela Universidade Federal de Santa Catarina.Mais da metade dos homens brasileiros está com sobrepeso e 12,4% obesos. Entre as mulheres, os números são 48% e 19,6%, respectivamente, segundo dados da última Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), realizada pelo IBGE. Má alimentação e sedentarismo são os principais responsáveis pelos altos índices que, cada vez mais, têm se tornado um problema de saúde pública.

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