Hoje, 27 de novembro, é o Dia Nacional de Combate ao Câncer. Criado em 1988 pelo Ministério da Saúde, tem como objetivo ampliar o conhecimento da população sobre o tratamento e, principalmente, sobre a prevenção da doença. Em vez de falar em números, mortes e prognósticos, o Blog Prodiet escolheu abordar 11 pesquisas inovadoras e promissoras de combate à doença, apresentadas em duas conferências americanas, que vão desde novos métodos de diagnóstico a tratamentos.
Isso sinaliza que estamos entrando numa nova era do combate à doença. “Historicamente, todos os tratamentos eram voltados a combater diretamente o câncer. Agora estamos voltando nossa atenção para os mecanismos por trás da doença e na sua relação com os pacientes”, diz o oncologista clínico Milton José de Barros e Silva, do Hospital A. C. Camargo. “O futuro são drogas cada vez mais direcionadas a mutações específicas no tumor e com menos efeitos colaterais.
“O Congresso Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, sigla em inglês) é a maior conferência sobre câncer de todo o mundo. Todos os anos, ela reúne especialistas que apresentam as mais novas pesquisas e possibilidades de tratamento contra a doença. Já no congresso anual da Sociedade de Medicina Nuclear, foram mostrados os mais novos avanços no campo, com foco no uso de substâncias radioativas no combate e diagnóstico de doenças.
Conheça as principais pesquisas apresentadas nos dois congressos:
1) Pulmão – Usando uma substância chamada BMS-936558, cientistas conseguiram usar o próprio sistema imunológico de alguns pacientes contra o tumor que estavam desenvolvendo. A nova droga impede a comunicação da proteína PDL1 com outras dos glóbulos brancos, a PD1, fazendo com que as células de defesa ataquem o tumorJá existe um
2) Mama – Um novo medicamento é capaz de combater o câncer de mama metastático do tipo HER2-positivo, que atinge até 20% das pacientes, sem atacar as outras células do organismo. Ainda em fase experimental, a droga T-DM1 promete prolongar a sobrevida e retardar a evolução da doença nessas pacientes, sem causar os efeitos colaterais típicos da quimioterapia.
3) Próstata – Um hormônio chamado enzalutamida é capaz de aumentar o tempo de vida de pacientes com câncer de próstata avançado em cerca de cinco meses, além de melhorar sua qualidade vida.
4) Exaustão: Pesquisadores da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, concluíram que tomar grandes quantidades de ginseng ajuda a reduzir a fadiga e a exaustão em pessoas com câncer. Segundo os pesquisadores, a fadiga entre esses pacientes pode estar associada um aumento dos níveis de citocina, molécula que desencadeia inflamações no corpo e o ginseng reduziria a quantidade da citocina no organismo.
5) Melanoma: Uma droga chamada trametinib atrapalha o crescimento do tumor em pacientes com um tipo avançado de melanoma, além de aumentar seu tempo de vida. O remédio só tem efeito em pacientes que apresentem mutação em um gene chamado BRAF, responsável por cerca de metade dos casos da doença.
6) Câncer infantil: A droga crizotinib, desenvolvida originalmente para combater o câncer de pulmão, também se mostrou efetiva contra três tipos de câncer infantil: o neuroblastoma, o linfoma anaplásico de grandes células e o tumor miofibroblástico inflamatório. Em alguns dos casos, o câncer desapareceu completamente. O remédio ataca especificamente mutações genéticas no gene ALK, que está presente em todos esses tipos de câncer.
7) Rins: Um novo tipo de radioimunoterapia, chamado In-111-cG250, começou a ser estudado para tratar uma forma resistente de câncer de rim, o carcinoma renal de células claras. O remédio é capaz de atingir as células cancerígenas e aplicar uma dose poderosa e precisa de radiação diretamente no tumor.
8 ) Pele: Um novo tipo de adesivo cutâneo foi capaz de destruir tumores faciais em 80% dos pacientes estudados, sem necessidade de cirurgia ou terapia radiológica. O adesivo, chamado de p-32, é capaz de aplicar doses de radiação nos pontos afetados, sem necessitar a internação do paciente.
9) Cérebro: Uma nova técnica de imagem molecular permite descobrir o resultado do tratamento contra um tipo de câncer cerebral, o glioma, em até duas semanas. Normalmente, esse tipo de tumor é tratado com cirurgias, radio ou quimioterapia, mas ele é conhecido por reaparecer depois do tratamento. A pesquisa descobriu que, para descobrir se a técnica foi efetiva, os médicos devem injetar no paciente uma substância que imita um aminoácido presente no cérebro.
10) Pâncreas: Em 95% dos pacientes com este câncer, a mutação do gene KRAS, do sistema imunológico, gera uma acumulação de células supressoras em volta do tumor. São essas células que protegem o câncer, deixando-o livre para crescer. Os cientistas bloquearam a produção da proteína GM-CSF em células de câncer no pâncreas de ratos. Desse modo, eles conseguiram acabar com a acumulação de células supressoras, liberando a resposta do sistema imunológico dos animais.
11) Fígado e cólon: Um dos maiores fatores de risco para o câncer no fígado, cólon e estômago são inflamações nesses órgãos causadas por infecções bacterianas ou virais. Um novo estudo conduzido no MIT que quando o sistema imunológico detecta invasores, ele envia células chamadas macrófagos e neutrófilos para acabar com a ameaça, englobando a bactéria, células mortas e restos soltos de células danificadas. Como parte desse processo, essas células liberam químicos muito reativos, que ajudam a combater a ameaça. No entanto, esses químicos também podem danificar o tecido humano. Essa inflamação, se durar muito, pode levar ao câncer. A descoberta deve ajudar os médicos a desenvolver modos de prever as consequências de inflamações crônicas, além de criar novas drogas para controlar essas inflamações.
Fonte: Revista Veja