Tem gente que só funciona depois de tomar uma xícara de café. E há aqueles que aumentam as doses para continuarem funcionando. Nos dias frios que têm sido frequentes e pegaram de surpresa até quem vive em regiões quentes do Brasil, uma das bebidas queridinhas dos brasileiros fica em alta. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o consumo costuma aumentar 30% nesta estação do ano.
Além das premissas culturais e do fato de que somos o segundo maior consumidor da bebida no mundo, há explicações científicas para isso. O café quentinho de todas as manhãs traz consigo a famosa cafeína e seus benefícios, que tem efeito termogênico e mantém nosso corpo aquecido, levando à sensação de conforto em dias frios. Ela também pode ser encontrada em chás (verde, preto e mate), no chocolate quente, em bebidas energéticas e até mesmo em medicamentos.
Mas não para por aí. Conforme explica o nutricionista Fernando Nishizawa, bebidas e alimentos que trazem a cafeína em sua composição também podem ajudar na queima de gordura durante o inverno. Esta relação com emagrecimento se deve ao fato da cafeína, além de ser um termogênico, aumentando a temperatura corporal e, consequentemente, aumentando o gasto calórico, também diminui a percepção do cansaço ao exercício físico, logo, é uma alternativa para conseguir levantar da cama e sair fazer aquela caminhada ou bater ponto na academia.
Vale ressaltar que os efeitos variam entre cada organismo. De acordo com Nishizawa, o consumo seguro de cafeína é de 9 mg/kg de peso, cerca 630 mg diários para um adulto de 70 quilos, o equivalente a 6 xícaras de café. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo de até 300 mg por dia. Há casos em que doses ainda menores, dependendo do indivíduo, podem apresentar efeitos colaterais. Entre os malefícios da cafeína estão: taquicardia, agitação, diurese, irritabilidade, ansiedade e, em alguns casos, até mesmo convulsão. Isso também vale para quem abusa do consumo. Todo organismo é diferente e há quem apresente mais ou menos resistência.
O efeito mascarados da cafeína
Quem precisa ficar acordado por muito tempo, geralmente recorre a bebidas energéticas e ao próprio cafézinho para se manter alerta. No entanto, a cafeína encontrada nesses produtos não elimina o sono, somente diminui a sensação de cansaço, como explica Nishizawa. Não é recomendado ingerir alimentos ou bebidas com este composto químico em horários avançados.
Seu corpo ainda estará cansado, mas seu organismo estará alerta por conta da ação dessa substância. A insônia será causada quando os níveis de ingestão de cafeína forem maiores do que o recomendado.
O café, não a cafeína, ajuda na prevenção de doenças
Fernando Nishizawa também é especialista em doenças crônicas pela Universidade São Paulo (USP) e explica que o café, e não a cafeína, pode contribuir para a prevenção de doenças como Parkinson e Diabetes. Alguns estudos demonstram uma diminuição de risco de Parkinson em 30% em consumidores de café por causa do aumento da concentração de alguns neurotransmissores como serotonina e acetilcolina. Outro componente importante é o ácido clorogênico, um potente antioxidante. No caso da Diabetes, a prevenção também está relacionada ao ácido clorogênico, explica.
* Fernando Nishizawa é de São José dos Campos (SP) e é nutricionista pela Universidade de São Paulo (USP), especialista em Doenças Crônicas pelo Instituto Albert Einstein, em Nutrição Esportiva pelo Centro Universitário São Camilo e Fitoterapia pela Fapes.