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Apetite sensorial: como a visão interfere na fome

A expressão “come-se também com os olhos” dá a ideia de que o visual da comida também pode aguçar o apetite. Assim como o próprio processo da fome (veja quadro), este fato tem despertado a curiosidade de cientistas e profissionais da saúde para entender como a exposição a imagens de quitutes pode agir no cérebro. De acordo com um estudo dos autores Larson, Redden e Elder (2013), apetite sensorial refere-se à possibilidade de se obter saciação alimentar por meio da exposição a imagens de alimentos. Mas, segundo Ana Lucia Ivatiuk, psicóloga, doutora em Psicologia, professora da Faculdade Evangélica do Paraná e psicóloga preceptora do Ambulatório de Cirurgia Bariátrica do Hospital Evangélico de Curitiba, é importante que as pessoas fiquem atentas a duas situações bem específicas para compreender os seus efeitos: tempo de privação alimentar e qual a relação do individuo com determinado alimento.

“No primeiro caso, se a pessoa estiver com muita fome, a imagem daquele alimento pode despertar áreas do cérebro que a deixem ainda com mais fome. No segundo, se for algum alimento com o qual ela não tem relação, ou seja, não experimentou ou não gosta, pode ter pouco efeito. É importante lembrar que a relação com a comida é pessoal e faz parte da historia do comportamento alimentar”, avalia. A psicóloga alerta ainda que se um indivíduo estiver passando por um processo de reeducação alimentar e for exposto a imagens de alimentos que não pode consumir, há uma chance de retomar o ganho de peso.

Por outro lado, um estudo publicado na última edição do periódico Journal of Consumer Psychology, ficar diante de imagens de alimentos com frequência, nas redes sociais, por exemplo, por mais apetitosos que eles pareçam, diminui o prazer na hora de comer, provocando o chamado “tédio sensorial”. Porém, na opinião da dra. Ana, o “tédio sensorial” acontece muito mais quando a pessoa já se alimentou e está satisfeita. Caso contrário, ficará tentada a consumi-lo. “Quanto mais o individuo estiver privado daquele alimento, mais ele pode se sentir motivado a ingeri-lo”, argumenta.

Hábito que vem de casa – De acordo com a psicóloga, cada um tem uma história de aprendizagem alimentar. Se desde cedo, quando se começa a inserção de alimentos com as crianças, for valorizado naquela família o consumo de um determinado tipo de alimento, a criança vai desenvolvendo uma relação com ele e pode achá-lo mais saboroso ou não. “Conforme crescemos, vamos refinando esse comportamento”, explica.

Para quem precisa perder peso, dra. Ana propõe o uso da fotografia no processo. “O uso de imagens tem se feito presente em vários contextos de trabalho na área da saúde. Esta forma que se utiliza refere-se ao registro do seu comportamento. Quando a pessoa precisa fotografar para mostrar a outros, ela fica sob controle do que precisa apresentar. São dois comportamentos aqui a serem analisados: primeiro o de mostrar para o outro o que eu esta fazendo e, segundo, que a fotografia faz com que ela volte a olhar para aquela imagem naquele momento e veja de fato o que está consumindo.”

Sendo assim, pode fazer com que o individuo comece a fazer uma mudança alimentar mais eficaz. “No ambulatório do qual faço parte, quando usamos este tipo de estratégia, o próprio individuo na semana seguinte traz uma análise do seu comportamento alimentar e começa a discriminar a qualidade e a quantidade dos seus hábitos, ficando mais fácil trabalhar, excluindo a ideia de profissionais tentando impor regras alimentares”, conclui.

 

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