O Brasil é o segundo maior produtor de lavouras geneticamente modificadas do planeta. Soja, milho e algodão são os principais frutos de culturas com sementes transgênicas. Apesar de ser uma realidade em todo mundo, a produção de Organismos Geneticamente Modificados (OGM) ainda gera polêmica e questionamentos. O Blog Prodiet conversou com Adriana Brondani, bióloga, doutora em Bioquímica e diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), para esclarecer os principais aspectos que cercam esta tecnologia. Confira:
Engenharia genética é uma extensão do crescimento natural das plantas.
Depende. Muitos consideram a afirmação falsa por entender que, por se tratar de uma intervenção na composição natural da semente, o transgênico não pode ser considerado uma continuidade do crescimento natural da planta. Adriana Brondani tem opinião oposta: A engenharia genética é apenas uma ferramenta para ser usada em algo que é natural. É como uma gravidez por inseminação artificial: há uma interferência laboratorial no início, mas o bebê vai se desenvolver e nascer naturalmente.
Transgênico causa câncer.
Mito. Não existem estudos que comprovem essa relação. Os transgênicos não causam nenhuma interferência em crescimento de tecidos ou qualquer outra característica que possa ser associada ao câncer. Para Adriana, dois fatores essenciais justificam essa afirmação: Vivemos em alta exposição aos organismos geneticamente modificados e por tempo prolongado e, mesmo com tudo isso, ainda não ficou provada nenhuma relação entre doenças como o câncer e os transgênicos.
Transgênicos causam alergia.
Mito. Segundo a doutora, a biotecnologia tem um grande cuidado para trabalhar com proteínas que tem menor probabilidade de causar alergia, ficando longe, por exemplo, das proteínas de leite ou frutos do mar. Não é porque pessoas têm alergia à proteína do leite que esses alimentos foram tirados do mercado, avalia Adriana Brondani.
Inseticidas transgênicos só atingem insetos, não pessoas ou animais.
Verdade. Esses inseticidas usam uma toxina encontrada em bactérias, chamada Bacillus Thuringiensis (Bt), que se dissemina quando entra em contato com uma proteína que só existe no intestino de insetos. Os seres humanos e os animais não têm essa proteína receptora. As propriedades da toxina são, segundo Adriana, amplamente estudadas. Esse inseticida é usado em lavouras orgânicas também, de forma pulverizada. Nos produtos transgênicos o Bt é implementado diretamente na semente.
Não sabemos quando estamos ingerindo alimentos transgênicos.
Mito. De acordo com o decreto federal 4.680 publicado em 2003, alimentos que tenham em sua composição mais de 1% de organismos geneticamente modificados devem ter no rótulo o ícone identificador: um triângulo amarelo com um T no centro.