Pela primeira vez na história, a ESPEN aconteceu em formato online. Nossa equipe científica acompanhou e nos trouxe os principais highlights desse evento, que é um dos maiores de nutrição no mundo.
Um dos temas atuais mais debatidos foi a atuação da nutrição no enfrentamento da atual pandemia da COVID-19. Sendo assim, questões relacionadas à imunidade e à abordagem nutricional foram discutidas em diversas mesas.
Nutrição e COVID-19
Há diferenças na forma como a doença COVID-19 afeta as pessoas, e isso aponta uma provável relação com a imunidade individual. Dessa forma, o evento destacou a desnutrição e a perda de massa muscular como condições que comprometem toda resposta imunológica, além de estarem associadas a maiores complicações, como o desenvolvimento de lesão por pressão.
Nesse contexto, apontou-se a importância dos micronutrientes envolvidos no processo da resposta imunológica, principalmente do Zinco. Idosos que têm baixa ingestão desse nutriente, redução sérica e, assim, maior incidência de pneumonia, têm menores riscos de infecção quando recebem suplementação com Zinco. Além disso, a necessidade proteica para esses pacientes, conforme estudos apresentados no evento, deve ficar próximo ao limiar máximo das recomendações: 2g/Kg/dia.
Outra condição comum durante o tratamento da COVID-19 é a disfagia pós-ventilação. Muitos pacientes que estão em cuidado intensivo (55%) apresentam disfagia. As causas são multifatoriais: pode envolver fatores neurológicos, uso da ventilação mecânica, sarcopenia e caquexia. A principal estratégia nutricional para esses pacientes é a alteração da textura de alimentos e da consistência de bebidas, sendo necessário o uso de espessante.
Cuidados nutricionais após a alta
Os cuidados nutricionais devem ser continuados em casa. Foi comprovado por estudos de metanálise que o cuidado nutricional é indispensável, sendo a estratégia de dieta hiperproteica a melhor para pacientes em risco nutricional.
De 88% dos pacientes que recebem prescrição de suplementação na admissão hospitalar, apenas 6,6% continuam a suplementação após a alta.
Sobre a Nutrição Enteral
Alguns destaques do evento sobre a nutrição Enteral:
- Cuidados padrões com a prescrição, como horários e rotinas familiares, preferências do paciente e responsáveis pelo cuidado.
- Estudos sobre o Muscle Full Effect, em que a nutrição intermitente tem vantagem sobre o estímulo à síntese proteica, aumentando os níveis de leucina nos pacientes.
Insuficiência Cardíaca
A sarcopenia é prevalente em pacientes com insuficiência cardíaca e atinge, aproximadamente, 20% dessa população. Nesses casos, há baixa ingestão de micronutrientes, como magnésio, cálcio, zinco, cobre, manganês, tiamina, riboflavina e ácido fólico. Sendo assim, a nutrição que atenda esses micronutrientes também torna-se um ponto de atenção.
Nesse sentido, foi discutido sobre a restrição de sódio como um fator de risco. Ele deve ser ser evitado, uma vez que o estado nutricional é primordial e a ingestão alimentar preconizada. A atenção deve ser a manutenção do estado nutricional, com atenção à massa muscular, considerando a alta prevalência de sarcopenia e caquexia entre esses pacientes.
Confira também o novo Guideline ESPEN sobre alimentação hospitalar, com recomendações nutricionais e continue acompanhando o Blog Nutrição e Saúde, trazemos estudos científicos e novidades de eventos.
Este artigo foi escrito pela Equipe Científica Prodiet.