Cicatrização:
Destaque para o “sub uso” da nutrição no ambiente hospitalar, incluindo pacientes com lesões por pressão (LPP): situação acontece com 57% dos pacientes. Esta, como outras mesas, focou na chamada: vamos parar com o cuidado nutricional “pobre” em 2019! Com relação à nutrição, uma revisão sistemática indicou que o uso de 1 a 2 suplementos (normo a hipercalóricos) por dia, de 2 a 26 semanas, foi capaz de reduzir significativamente em 25% a prevalência de lesões por pressão. Em outro estudo, foi visto que aproximadamente 600kcal; 28g de proteína/ dia, entre 5 dias a 12 meses, diminuiu as complicações relacionadas às LPPs.
Nutrition Day:
Apresentado estudo com dados do Nutrition day. O estudo retratou a realidade dos pacientes hospitalizados em uma perspectiva global. Foram avaliados 76.524 pacientes até o momento da alta hospitalar. Os fatores relacionados a maior tempo de permanência hospitalar são aqueles já conhecidos, como ter estado internado na UTI, ser idoso, ter comorbidades, estar na ala geriátrica ou psiquiátrica, polifarmácia e mobilidade reduzida.
Os fatores relacionados a nutrição e que impactaram no menor tempo de permanência hospitalar foi a presença do nutricionista e IMC mais alto. Em contrapartida, comer menos do que toda a refeição no NutritionDay e ter perdido peso nos últimos 3 meses foram alguns fatores que aumentaram o tempo de permanência hospitalar.
Pacientes oncológicos: mito ou fato:
JEJUM:
Estudos em animais demonstraram que períodos em jejum podem melhorar a resposta à quimioterapia, reduzir a toxicidade por diminuir a resistência das células tumorais aos agentes antineoplásicos, enquanto as células normais são protegidas.
Contudo, estamos falando de estudos analisando mecanismos envolvidos na doença, em animais, e não a realidade dos pacientes oncológicos como um todo. Neste sentido, um grande problema nos pacientes oncológicos, é a desnutrição, a qual, aumenta a toxicidade ao tratamento e reduz a resposta ao mesmo, mecanismos justamente opostos propostos pelo jejum. Desta forma, é uma prática não recomendada, especialmente naqueles desnutridos e em risco nutricional.
DIETA NEUTROPÊNICA:
Muitos organismos vivos encontrados em frutas e vegetais são parte natural do trato gastrointestinal. Desta forma, esterilizar os alimentos pode comprometer a composição da microbiota. Ademais, restrições dietéticas desnecessárias, podem levar ao consumo alimentar inadequado, aumentando o risco de desnutrição.
Recente meta-análise demonstrou um maior risco relativo para infecções e febre no grupo de dieta neutropênica. Desta forma, recomenda-se as boas práticas de segurança alimentar ao invés de dietas neutropênicas.
SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA:
Altas doses de vitamina C podem ter efeito terapêutico benéfico na leucemia e outras neoplasias, mas alguns quimioterápicos agem por meio dos radicais livres. Desta forma, os antioxidantes podem diminuir a eficácia destes antineoplásicos e por isso, altas doses de vitamina C não devem ser recomendadas na prática clínica.
Em contrapartida, a suplementação de vitamina A e D são fortemente indicadas e possuem papel da prevenção da doença do enxerto contra hospedeiro (GVHD), sendo que a vitamina D também possui papel no tratamento da doença.
Caquexia:
A frequência de desnutrição no momento do diagnóstico da doença oncológica é de 85% no câncer pancreático; 80% no câncer esofágico; 70% no câncer de cabeça e pescoço, 60% no câncer de pulmão e colorretal.
O anabolismo proteico muscular resulta da estimulação da síntese proteica ou da supressão da proteólise. Em pessoas saudáveis o aumento de alimentos e consumo proteico estimula a síntese, mas durante o estado catabólico a resposta é reduzida. Na caquexia, a quebra da proteína muscular produz aminoácidos necessários para a síntese de proteínas inflamatórias.
Neste contexto, os aminoácidos são essenciais para estimular a síntese proteica via mTOR, principalmente os de cadeia ramificada, em especial a leucina, assim como a contração muscular, por meio de atividade física. Análises de tomografia computadoriza, mostram que o anabolismo muscular é possível, mesmo durante o tratamento oncológico. Em média, 60% dos pacientes podem ganhar ou estabilizar a massa muscular, sendo que o ganho muscular ocorre até 3 meses antes da morte em 84% dos casos. Desta forma, a intervenção nutricional deve ser sempre o mais precoce possível.
A atividade física, por sua vez, tem efeito antitumoral, por meio de mecanismo anti-inflamatório, contudo a resposta ao exercício está relacionada com características clínico-patológicas e fatores moleculares.