Imagine este texto como uma sala de aula, onde desvendaremos os mistérios da aplicação de medicamentos por sonda, desmistificando processos e destacando cuidados essenciais. Seja você um profissional de saúde, paciente ou cuidador, este guia foi meticulosamente elaborado para atender a todos os públicos, garantindo uma compreensão profunda e baseada em sólidos fundamentos científicos.
A aplicação de medicamentos por sonda é uma prática delicada e crucial, entender seus detalhes é fundamental para garantir a segurança e eficácia do tratamento. Ao longo deste artigo, mergulharemos nas considerações técnicas, nas alternativas disponíveis e nos cuidados que demandam atenção especial.
Prepare-se para uma leitura esclarecedora que proporcionará não apenas conhecimento, mas também uma compreensão aprimorada sobre essa importante faceta da prática clínica. Aprofunde-se conosco, pois a aprendizagem é a chave para uma administração de medicamentos via sonda mais segura e eficiente.
Leia até o final e descubra como essa prática, quando compreendida e executada corretamente, pode fazer a diferença no cuidado e na recuperação do paciente.
Por que dar medicamentos via sonda?
Administrar medicamentos por sonda é uma prática delicada que muitas vezes se mostra essencial no cenário clínico. Entender por que essa via de administração é adotada é crucial tanto para profissionais de saúde quanto para pacientes e cuidadores. Vamos explorar, de forma didática e embasada, as razões que levam à escolha dessa abordagem.
A sonda enteral, destinada a nutrição, é frequentemente utilizada para administrar medicamentos quando outras vias não são viáveis. A alternativa oral pode ser limitada por dificuldades de deglutição ou alterações na absorção gastrointestinal, tornando a sonda uma opção prática e eficaz.
É muito importante buscar alternativas à administração via sonda sempre que possível, considerando outras formas farmacêuticas, como injetáveis, orais líquidos, retais ou sublinguais. No entanto, quando a administração via oral não é possível, a sonda se torna uma aliada valiosa.
Além disso, medicamentos em forma líquida podem não estar disponíveis ou serem impraticáveis em determinadas situações clínicas. Nesses casos, a trituração de comprimidos, embora seja a última opção devido ao risco de entupimento da sonda, pode ser necessária.
A personalização do tratamento é fundamental, e a administração de medicamentos por sonda proporciona uma via adaptável a diversas situações clínicas. Para compreender totalmente essa prática, é essencial levar em consideração o estado clínico específico do paciente, os medicamentos prescritos e as alternativas viáveis.
Ao compreender as nuances dessa prática, tanto profissionais de saúde quanto pacientes e cuidadores podem garantir uma abordagem terapêutica mais segura e eficaz.
Nutrição enteral é indicada para vários tipos de pacientes
A nutrição enteral é vital para vários tipos de pacientes, estejam eles internados em ambiente hospitalar ou não. Ela é indicada para indivíduos que não estejam recebendo a quantidade suficiente de nutrientes por meio da alimentação convencional, ou são incapazes de engolir ou tolerar o alimento pela boca. Assim, recebem a nutrição necessária via sonda, que pode ser nasogástrica, nasojejunal, sonda de gastrostomia e sonda de jejunostomia. Mas, além de nutrição, muitas vezes esses pacientes precisam receber também medicamentos pela sonda.
Aspectos farmacodinâmicos
- Interação fármaco-nutriente
- a) Quando a administração do medicamento com alimentos é contraindicada na informação técnica do produto, então também não deve ser administrado junto com a dieta enteral;
- b) Os medicamentos, ao serem misturados com alimentos, podem alterar a biodisponibilidade de certos nutrientes e ocorrer intolerância gastrointestinais;
- c) O efeito terapêutico de certos medicamentos depende do rápido alcance dos altos níveis séricos. Se combinados com dietas, podem reduzir a quantidade esperada do medicamento no organismo.
- Interação fármaco-fármaco:
- Ocorre quando vários fármacos têm que ser administrados por sonda. Deve-se, neste casos, administrá-los separadamente.
- Interação fármaco-sonda:
- O medicamento pode aderir à parede da sonda e, por sua vez, reagir com a nutrição enteral e ocasionar a obstrução da sonda. Além disso, podem existir interações entre os medicamentos e as fibras de silicone ou PVC.
O que pode colocar na sonda?
Administrar medicamentos por via enteral, utilizando uma sonda, é uma prática que exige cuidados específicos para garantir a eficácia do tratamento e a segurança do paciente. Quando nos deparamos com a questão de “o que pode colocar na sonda?”, é vital compreender que nem todos os medicamentos são adequados para essa via de administração.
Quais Medicamentos são Utilizados por Via Enteral?
A escolha dos medicamentos a serem administrados por via enteral depende de diversos fatores, incluindo a condição clínica do paciente, a disponibilidade das formas farmacêuticas adequadas e a natureza do tratamento. Alguns medicamentos comumente administrados por sonda incluem:
- Formas Líquidas ou Suspensões: Medicamentos que já estão disponíveis em forma líquida são os mais simples de administrar. No entanto, nem todos os medicamentos têm essa apresentação.
- Comprimidos Triturados: Em alguns casos, comprimidos podem ser triturados e diluídos em água para administração pela sonda. Contudo, essa prática deve ser realizada com cautela, pois nem todos os comprimidos podem ser triturados sem perder a eficácia.
- Cápsulas com Conteúdo Diluível: Algumas cápsulas podem ser abertas, e seu conteúdo pode ser diluído para administração pela sonda.
- Medicamentos Específicos para Via Enteral: Em certos casos, há formulações específicas de medicamentos destinadas para administração enteral, facilitando o processo.
O que Pode Colocar na Sonda?
É crucial considerar que, além dos medicamentos, alguns cuidados são necessários para evitar complicações. O que pode ser colocado na sonda inclui:
- Medicamentos Líquidos e Suspensões: Preferencialmente, opte por formas líquidas sempre que disponíveis.
- Água para Lavagem: Após a administração de medicamentos, a sonda deve ser lavada com água para evitar obstruções.
- Fórmulas Nutricionais Específicas: Em casos de nutrição enteral, são utilizadas fórmulas específicas que garantem a adequada ingestão de nutrientes.
É fundamental que essa prática seja sempre orientada e supervisionada por profissionais de saúde, pois a escolha inadequada dos medicamentos ou o manejo inadequado da sonda podem resultar em complicações sérias. Converse sempre com a equipe médica e de enfermagem para garantir que o tratamento seja seguro e eficaz.
Como evitar erros durante a técnica de preparo e administração via sonda enteral?
O processo de verificação da disponibilidade e compatibilidade de forma farmacêutica líquida para administração via sonda enteral é crucial para garantir a eficácia e segurança da terapia medicamentosa nesse contexto. Este protocolo inclui diversas etapas essenciais:
- Verificação da Disponibilidade e Compatibilidade:
- Avaliar a disponibilidade de medicamentos em forma líquida para administração via sonda enteral no mercado.
- Garantir que esses medicamentos estejam em conformidade com as diretrizes farmacêuticas para essa via de administração.
- Avaliação das Prescrições:
- Analisar as prescrições para identificar medicamentos destinados à administração via sonda enteral.
- Considerar a compatibilidade desses medicamentos com a via e técnica de preparo, avaliando potenciais interações com a nutrição enteral.
- Avaliar o risco de reações adversas gastrointestinais ou efeitos sub-terapêuticos decorrentes da administração enteral.
- Verificação na Dispensação:
- Confirmar se os medicamentos prescritos estão disponíveis em forma líquida e adequados para administração via sonda enteral.
- Verificar se há instruções específicas de preparo para atender às necessidades da administração enteral.
- Compatibilidade com Trituração:
- Avaliar se os medicamentos prescritos e dispensados são compatíveis com a trituração, quando necessário para administração via sonda enteral.
- Adotar medidas para garantir a eficácia do medicamento após o processo de trituração.
- Identificação dos Medicamentos Não Trituráveis:
- Observar atentamente a identificação dos medicamentos que não devem ser triturados, evitando procedimentos inadequados.
Esse protocolo visa assegurar que o paciente receba a terapia medicamentosa de maneira eficiente, minimizando riscos e garantindo a integridade do tratamento via sonda enteral.
Protocolo para administração de medicamentos em pacientes com sonda nasogástrica
O protocolo proposto por *Serumbia (2000), trouxe sugestões para minimizar a interação fármaco-nutriente, lembrando que, quando o paciente for capaz de tomar medicamento por via oral, deve-se fazer desta forma. Para diminuir a probabilidade da interação da nutrição enteral com medicamentos em pacientes sondados, deve-se proceder do seguinte modo:
- Lavar a sonda com 50ml de água filtrada ou fervida morna, antes e depois da medicação;
- Preferir fórmulas líquidas do medicamento. Caso não exista, consultar o farmacêutico sobre outras possibilidades.
- Evitar administrar medicamentos com a nutrição enteral. Se não for possível, observar a preparação com cuidado para detectar eventuais precipitações, formação de creme ou floculação;
- Antes de pulverizar os comprimidos ou abrir as cápsulas, consulte a ficha técnica do medicamento ou farmacêutico;
- Cada medicamento deve ser administrado separadamente. Lavar a sonda com pelo menos 5 ml de água entre cada administração;
- Fármacos hipertônicos ou irritantes da mucosa gástrica devem ser diluídos com, pelo menos, 30 ml de água para evitar diarreia ou irritação. Grandes volumes devem ser administrados fracionados;
- Considerar o uso de medicamentos na forma injetável.
Além disso, a publicação também apresenta uma ficha de medicamentos com informações técnicas individualizadas por droga – em ordem alfabética -, para o uso correto na administração por sonda e que exigem diluição ou reconstituição prévia para uso. Desta forma, o livro “Orientações para uso de medicamentos por sonda” (editora Atheneu, 2012), das autoras e farmacêuticas Janete Lane Amadei e Cláudia Pereira Estéfani, constitui-se como um importante guia para profissionais da área.
Conclusão
Concluímos nosso guia rápido sobre a administração de medicamentos via sonda, proporcionando insights valiosos sobre os cuidados necessários e os tipos de medicamentos que podem ser utilizados nessa prática. Lembramos sempre da importância de contar com a orientação e supervisão de profissionais de saúde para garantir a segurança e eficácia desse procedimento.
Para aprofundar ainda mais seu conhecimento, recomendamos a leitura das “Recomendações para administração de medicamentos via sonda” do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados.
Outra fonte valiosa é o artigo “Administração de fármacos por sonda nasogástrica” da Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva, que traz uma visão clínica sobre o tema.
Para uma abordagem mais detalhada, o livro “Orientações para uso de medicamentos por sonda” (Editora Atheneu, 2012) é uma fonte confiável que pode enriquecer ainda mais sua compreensão sobre o assunto.
Continue no blog Prodiet para aprimorar seu conhecimento e oferecer um cuidado cada vez mais qualificado e seguro aos pacientes que necessitam de administração de medicamentos via sonda.
*Serumbia AMB. Administração de fármacos por sonda nasogástrica Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Intensiva. 2000:9(1). Disponível em: <ftp://ftp.spic.org/revista/Portugues/rev91/gastrica.pdf>