O impacto dos procedimentos de diálise, associado às características específicas da doença, provoca alterações significativas no estado nutricional dos pacientes. Estudos feitos por meio da Avaliação Global Subjetiva (AGS) – método de avaliação nutricional para identificar pacientes com desnutrição ou em risco – apontam que 40-80% dos pacientes que fazem hemodiálise são diagnosticados com desnutrição.
Porém, há novas evidências surgindo sobre como a nutrição desses pacientes deve ser conduzida. Alguns avaliam o fornecimento de alimentos e/ou suplementos nutricionais orais durante a hemodiálise como forma de beneficiar o estado nutricional e também reduzir infecções, melhorando a qualidade de vida e taxa de sobrevivência dos pacientes. Entretanto, alguns pesquisadores e médicos apontam fatores negativos nessa prática, como hipotensão pós-prandial (queda da pressão arterial após a refeição), instabilidades hemodinâmicas, risco de aspiração, problemas gastrointestinais, problemas com higiene, aumento de custos, entre outros.
Para debater as melhores diretrizes de nutrição em pacientes em hemodiálise, a National Kidney Foundation (NKF), ou, em português, “Fundação Nacional do Rim”, entidade dos Estados Unidos, publicou recentemente um artigo denominado “Eating During Hemodialysis Treatment: A Consensus Statement From the International Society of Renal Nutrition and Metabolism”, na tradução “Comer durante o tratamento de hemodiálise: Uma declaração de consenso da Sociedade Internacional de Nutrição Renal e Metabolismo”. Nele, é apresentado um resumo das evidências que mostram pós e contras da nutrição durante a hemodiálise, com o objetivo de melhorar substancialmente o atendimento ao paciente.
As principais conclusões do material são que, permitir que os pacientes comam alimentos ou consumam suplementos alimentares durante a hemodiálise tem sido associado a melhorias no estado nutricional, qualidade de vida e, possivelmente, nos resultados clínicos. A prática é adotada em países como Alemanha, França e Reino Unido, e questionada em outros, como nos Estados Unidos, principalmente por questões em relação à queda da pressão arterial após a refeição, sintomas gastrointestinais adversos, diminuição da eficiência do tratamento e aumento da carga de trabalho da equipe clínica.
As evidências atuais sugerem que o fornecimento de refeições ou suplementos nutricionais durante o tratamento é uma estratégia eficaz para melhorar algumas complicações. Portanto, a nutrição durante a diálise pode ser considerada como parte da prática do tratamento para pacientes hemodinamicamente estáveis, que não têm contraindicações e nenhuma história de intolerância ao consumo de alimentos durante o tratamento.
Referência:
“BRANDON, M. K.; et al. Eating During Hemodialysis Treatment: A Consensus Statement From the International Society of Renal Nutrition and Metabolism. Journal of Renal Nutrition, v. 28, n. 1, January, p. 4-12, 2018.”