O termo alergia é utilizado quando uma substância provoca uma reação imune capaz de ocasionar sintomas específicos em alguns indivíduos. Já a intolerância alimentar, é um tipo de reação adversa proveniente de determinados alimentos. Pesquisas revelam que componentes genéticos, exposição ao alimento, permeabilidade gastrointestinal e fatores ambientais envolvidos são algumas das causas que podem desencadear algum tipo de reação alérgica.
De acordo com a médica Adriana Schmidt, especialista em Alergia e Imunologia e presidente do departamento Científico de Alergia da Sociedade Paranaense de Pediatria, as reações adversas a alimentos podem ser classificadas em dois grandes grupos: intolerâncias alimentares e hipersensibilidade a alimentos. O primeiro pode ser causado por deficiências enzimáticas, doenças gastrointestinais, infecções, presença de toxinas nos alimentos, ou de agentes farmacológicos (como a cafeína), e mesmo contaminantes nos alimentos. Já a hipersensibilidade, causa reações que envolvem resposta imunológica específica a componentes do alimento, que se caracterizam como reações alérgicas, explica.
Segundo a médica, os alimentos que estão no topo da lista dos causadores de alergia e intolerância são: leite, ovos, trigo, peixe e crustáceos, nozes e afins. A reação alérgica se processa devido ao reconhecimento estranho de proteínas que compõem estes alimentos. Já a intolerância alimentar, comum no caso do leite de vaca, ocorre quando há deficiência de uma enzima, a lactase, necessária para adequada digestão da lactose, correspondente ao açúcar presente no leite.
A deficiência da lactase e consequentemente não digestão de açúcar é que causa a diarreia e em alguns casos até vômito, como explica a nutricionista Karen Longo, do Hospital de Clínica de Marília – SP.
Ou seja, alergia e intolerância são coisas diferentes. Mas como identificá-los?
Sintomas – Quando há intolerância a alguns alimentos, o que geralmente ocorre são dores abdominais, estufamento e desconforto abdominal nos mais variados graus, dependendo do nível de deficiência das enzimas digestivas. Já a alergia, ocorre após algum contato anterior com o alimento (chamado de sensibilização) e, cada vez que a pessoa entrar em contato com ele, mesmo que em mínimas quantidades, haverá o desencadeamento de reação alérgica, cujo sintoma mais comum é a urticária. A urticária pode ou não vir acompanhado de angioedema (inchaços), principalmente, nas pálpebras e nos lábios, seguidos pelos sintomas digestivos, como náuseas e vômitos. Em casos graves pode ocorrer a anafilaxia, que é uma reação alérgica generalizada, com falta de ar, aceleração cardíaca, sudorese, além da urticária e sintomas digestivos. Felizmente os casos de anafilaxia a alimentos são raros, mas tendem a ocorrer imediatamente após a sua ingestão, e necessitam de atendimento médico imediato, pois podem por a vida em risco, alerta Adriana Schmidt.
Tem cura?
Segundo a médica, ainda não existe tratamento aprovado específico para alergia alimentar, apesar de estudos preliminares serem bastante promissores nessa área. A melhor alternativa ainda é evitar o alimento que provoca a alergia. No caso das intolerâncias alimentares, como à lactose, existem suplementos orais à base de lactase que ajudam o organismo a digerir o açúcar do leite. A boa notícia é que, na maioria das vezes, a alergia alimentar é temporária, como aquela à proteína do leite. Porém, alergia a amendoim e frutos do mar tende a persistir por toda a vida, exemplifica.
A nutricionista Karen Longo afirma que uma alimentação equilibrada e variada pode reduzir os riscos de alergia, já que a ingestão crônica e exagerada de um alimento potencialmente alergênico pode estimular o organismo a começar a se defender da sua proteína, que é o que ocorre no processo alérgico, explica. Além disso, como muitos desses alimentos causadores de alergia ou intolerância são fontes de nutrientes importantes é válido saber substituí-los, aconselha a profissional.